Diariamente
assistimos pela televisão cenas deprimentes com relação ao atendimento médico
do SUS. Ficamos revoltados com a exibição dos atos desumanos praticados contra
os fragilizados pacientes que procuram a proteção do Estado, que tem o dever
constitucional de fornecer.
O
sonho dessa gente sofredora é o de conseguir um plano de saúde, pensando, na
doce ilusão, de receber um tratamento, pelo menos, mais humanizado.
Ilusão
ou inocência pensar que o que se passa no SUS é privilégio do desprezo do
governo para com o ser humano.
Tenho
observado que há anos o atendimento médico pelo plano de saúde em pouco difere
ao do SUS.
Talvez
a parte imobiliária do atendimento privado seja um pouco melhor.
Com
relação à recepção do paciente na unidade de atendimento, é simplesmente
sofrível, humilhante e devastadora sob o ponto de vista humano.
Gente
despreparada, selecionada pelos baixos salários ofertados e sem educação
caseira, transforma a chegada do paciente aos locais de socorro médico em
centros de tortura mental, agravando e produzindo novas patologias.
Quando
a passividade de uma sociedade chega ao ponto de negar solidariedade aos
necessitados, é que perdemos totalmente a nossa capacidade de amar ao próximo
como a nós mesmos.
Somos
uma sociedade “monstra”, construída por seres antissociais, aptos a cometerem
todo o tipo de crimes contra o próximo.
Dizem
que a violência gera violência.
Ficamos
consternados quando um trabalhador, pai de família e com representatividade
social é vítima de uma violência fatal, mas esquecemos da violência que
cometemos diariamente, especialmente contra os pobres, crianças abandonadas,
doentes e idosos fragilizados.
O
ser humano está em processo de deterioração, não respeitando, nem mesmo
importando-se, com o sofrimento alheio.
Cada
vez estamos mais egoístas, individualistas, antissolidários.
O
plano de saúde é uma falácia, armadilha para saquear os incautos com o
beneplácito e colaboração de grande parte dos profissionais da saúde.
A
desumanização do atendimento médico, cujo início está na recepção do paciente
na unidade de saúde, foi a última barreira derrubada para a adequação do ser
humano descartável.
Gabriel Novis Neves
24-01-2013
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