domingo, 17 de fevereiro de 2013

Carnaval no Rio


Graças a uma propaganda maciça e enganosa, prometendo o encontro com um verdadeiro Éden nunca antes vivido, milhões de pessoas de todas as partes do mundo, principalmente do interior do Brasil, em sua maioria de jovens, invadem cheios de sonhos a nossa ex-Cidade Maravilhosa.
Entretanto, o que vem acontecendo nos festejos de carnaval no Rio de Janeiro é de uma irresponsabilidade invulgar.
Mais do que isso. É um desrespeito total aos seus habitantes que pagam em dia os mais altos impostos do planeta e são privados de seus direitos básicos de ir e vir.
Isso sem falar nos inúmeros casos graves emergenciais que fazem parte do cotidiano de uma cidade com aproximadamente 10 milhões de habitantes.
Ipanema, bairro cantado em verso e prosa - e tido como um dos mais belos cartões postais do Rio -, tem sua avenida principal e a grande maioria de suas transversais fechadas e transformadas em ilhas regadas com urina.
Invadida por gente de toda ordem, onde predominam bandos de jovens bêbados e drogados abandonados à própria sorte, já que o policiamento e a assistência médica são insuficientes para a demanda turística.
Assim, moradores do bairro que pagam um dos maiores valores de IPTUS da terra, se veem extremamente agredidos, não só durante o carnaval, mas também na semana que o precede e na que o sucede, já que nos últimos anos essas datas marcam o total cerceamento das pessoas que vivem nessa área.
Claro que sabemos que desde os mais remotos tempos pão e circo sempre foram prioridades em todas as organizações sociais.
Nos dias atuais, em que tanto se fala em direitos humanos, urge que esses eventos obedeçam a uma logística pré-estabelecida e que, principalmente, obedeçam às leis severas de segurança.
Não é possível que se continue convivendo com o que aconteceu, por exemplo, no Centro do Rio sábado de Carnaval por ocasião do desfile do Cordão da Bola Preta.
Aproximadamente dois milhões de pessoas acotoveladas, num lugar que não comportava essa quantidade de gente, iniciaram um tumulto que, por pouco, não se transformou numa grande tragédia.
Inclusive, os policiais enviados para o local, corriam risco de vida.
Afinal, para que existem lugares específicos para essas aglomerações se elas não são usadas sistematicamente?
Para que o Sambódromo, o Riocentro, o Aterro do Flamengo, enfim, áreas que comportam essas multidões sem risco de uma tragédia anunciada?
Nem todos os habitantes da terra são obrigados a gostar desse tipo de selvageria, e é obvio que os seus direitos têm que ser mantidos.
Que se faça urgentemente um levantamento responsável no tocante ao setor entretenimento, mas por pessoas que realmente dominem técnicas de segurança e, principalmente, de respeito à vida.
Que, afastados os lucros incomensuráveis que advêm desses eventos, se reflita sobre esse descontrole a que a população de toda uma cidade é submetida.
Que festas existam sim, sempre, mas que elas não se transformem em prenúncios de holocaustos legalizados.

Gabriel Novis Neves
10-02-2013

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