Cada
um tem o seu indicador para diagnosticar quando determinado período está
chegando ao seu final.
Sei,
por exemplo, que um governo está terminando quando a Secretaria da Saúde passa
a ser ocupada por um leigo.
Recordemos
a rotina dos últimos anos em nosso Estado e cidade.
O
governo do Blairo terminou prematuramente quando demonstrou que não possuía
vontade política para enfrentar tamanhas dificuldades.
Preferiu
colocar na secretaria um amigo leigo que não lhe trouxesse aborrecimentos, e o
resultado é o que colhemos hoje.
Sucateamento
total da nossa já debilitada saúde pública, deixando uma verdadeira herança
maldita ao seu calado sucessor.
Roberto
França, Wilson Santos e Chico Galindo também apelaram para a fórmula mágica de
secretários de saúde leigos para sinalizar os seus fracassos na gestão da
saúde.
Faltando
ainda mais de um ano para o encerramento do seu mandato, o governador Sinval
Barbosa não resistiu à tentação, e chamou um leigo para comandar a complexa pasta
da nossa saúde pública.
Esse
ato é uma demonstração que o nosso governador jogou a toalha. Assim como os
outros foi vencido pelas dificuldades de melhorar a nossa saúde pública e
minorar o sofrimento humano.
O
jeito é arrumar os papéis da repartição, pois o tempo útil para realizações
terminou, e nada foi feito de benefício para o povo - que irá cobrá-lo, como
fez com os antigos prefeitos de Cuiabá.
Como
diz o cuiabano: os nossos governantes, diante da incompetência para melhorar a
saúde, fazem opção a quem não irá lhe importunar com os problemas técnicos da
pasta complexa, anêmica em financiamentos públicos.
Até
o Plano de Saúde do Estado sempre esteve com leigos em seu comando, e os
resultados estão nas manchetes dos jornais.
Será
que entre os nossos profissionais médicos não existe nenhum capaz de cuidar da
nossa saúde pública?
Curioso
é que o poder público não tem nem um Hospital de Clínicas na sua capital, e
todo o atendimento hospitalar, inclusive de alta complexidade, é realizado em
hospitais privados, administrados por médicos.
Esquisito,
né?
Se
a rede pública de saúde fosse particular, estaria falida, com suas portas
fechadas e seus proprietários na cadeia.
Essa
demonstração de idiossincrasia governamental com relação aos médicos, que
estudaram e se prepararam para administrar os ambientes que são destinados a
tratar dos pacientes, talvez seja, em parte, o resultado do conhecido efeito
Serra.
O
sociólogo FHC, para ficar livre de um economista inoportuno no comando do Plano
Real, inventou-o como chefe do Ministério da Saúde, e foi uma verdadeira
novidade.
José
Serra confessou que nada entendia daquele negócio e convocou o que havia de
melhor em recursos humanos no Brasil, independente de coloração partidária.
Técnicos
do mais alto saber acadêmico de diversas origens - petista, socialista,
trabalhista, comunista, liberais - foram convocados e aceitaram a missão de
trabalharem sem interferências das políticas partidárias.
Com
o seu prestígio político lutou para aumentar recursos para a saúde, já que a
falta de financiamento público sempre foi o maior problema dos gestores de
saúde.
Serra
deixou o Ministério com boa avaliação nacional e até foi lembrado como o melhor
Ministro de Saúde do Mundo, na sua época.
Aqui,
há anos os governos fazem os loteamentos dos cargos técnicos com os partidos da
base aliada e convidam um médico para dar legalidade a essa insanidade.
Resultado
é o que assistimos ao findar os governos - um leigo assume a pasta da saúde
para desespero da população de baixa renda.
Abra
o olho Kamil!
Você
já conseguiu superar o seu recorde como secretário municipal emplacando trinta
dias no cargo, coisa que não conseguiu como Secretário Estadual.
Que
o governo estadual acabou, não tenho dúvidas.
Gabriel Novis Neves
31-01-2013
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