Estatísticas
mostram que grande parte das pessoas sente um enorme desconforto com o
término do fim de semana e a subsequente chegada da segunda-feira.
Do
ponto de vista médico, inclusive, um número maior de infartos do miocárdio
ocorre neste dia.
Tudo
leva a crer que os compromissos e as atividades profissionais nada estimulantes
sejam as principais causas destes acontecimentos, uma vez que se supõe que quem
está feliz com o que faz, não deveria ser dominado por essas cargas tão
negativas.
Como
uns poucos privilegiados conseguem trabalhar com o que lhes dá prazer, fica
fácil entender a causa de tanta angústia.
O
preço da sobrevivência, frequentemente, faz com que aceitemos tarefas que nada
nos acrescentam e que passam a funcionar apenas como um pesado fardo.
O
fato é que a sensação de miniférias que um simples fim de semana pode
proporcionar, talvez seja a grande causa de desconforto ao retornar a uma
rotina que faz com que a vida perca o sentido.
Existe
outro lado da moeda que a moral estabelecida prefere não questionar.
Casais
que mantêm um relacionamento já bastante anestesiado em relação à troca de
emoções mútuas, mostram comportamento bem diverso do observado nessas
pesquisas.
Prova
disso são as muitas cefaleias de fim de semana em que um dos cônjuges é
acometido sistematicamente.
Nós
médicos vivenciamos muito isso nos consultórios.
É
como se a musculatura frontal se ressentisse de mais um fim de semana tedioso
na vida do casal, isso sem falar das queixas de maridos que apresentam
enorme sonolência nos dias que, supostamente, seriam dedicados ao lazer e
à família.
Nas
grandes cidades, observação comum é o ar sisudo com que homens dirigem as suas
poderosas máquinas aos sábados e domingos, geralmente acompanhados de suas
esposas e seus rebentos, em contraposição aos dias de semana em que circulam
alegres, geralmente na volta do trabalho com amigos ou amigas.
Enfim,
a entrega ao trabalho, mesmo que não tanto prazerosa, age muitas vezes como uma
fuga necessária e até mesmo insubstituível.
E
ainda não falamos dos chamados almoços ou jantares em família,
determinados previamente pelo clã como obrigatórios, sinal aparente da perfeita
harmonia que reina entre seus circunstantes.
Como
tudo que é feito por obrigação, eles perdem rapidamente o brilho e a surpresa
dos encontros esporádicos e se tornam despidos de espontaneidade e de
interesse, passando a caracterizar mais uma enfadonha rotina.
Isso
fica muito patente nas festas de fim de ano em que, terminadas as
comilanças e a entrega falsa de presentes, tudo parece compor uma
encenação teatral sem que haja uma plateia para aplaudir.
Não
por acaso, uma grande tristeza costuma se apoderar das pessoas nessas datas.
Gabriel
Novis Neves
07-10-2013
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