Conheci
certa vez em uma cidade brasileira, não me lembro de qual, um simpático
restaurante de um japonês.
Aliás,
japonês, para nós ocidentais, são todos os bilhões de orientais cuja raça
apresenta uma linear fenda genética, onde quase não se vê o globo ocular ou
“branco dos olhos” como preferem os leigos.
O
“seo” Kamamuda, gentil e educado, era conhecido na cidade como o rei dos peixes
de água salgada, apelidados por nós como frutos do mar. Puro preconceito
com os fornecedores de outras proteínas animais. Para o bem dos discriminados,
ficou de bom tamanho parar nesse delírio de grandeza em privilegiar o mar de
água salgada chamando os seus produtos de frutos.
Por
isonomia, teríamos o boi como fruto do pantanal, o camelo como fruto do
deserto, o veado fruto do cerrado, os gigantes peixes amazônicos como frutos de
água doce e, finalizando, o rei da selva, como fruto africano.
O
homem não perde a sua maneira de ser ridículo.
O
“seo” Kamamuda era uma figuraça. Agradava a todos que frequentavam o
seu restaurante.
Parecia,
com a sua simpatia, dar um ar de intimidade aos seus fregueses.
Pensei
em fazer um trocadilho com o seu nome chamando-o de “Kama Muda”, mas desisti. O
japona, com o seu deficiente português, jamais iria entender a ironia e o duplo
sentido da palavra. Provavelmente nunca na vida tinha observado uma cama mudar
de posição, espontaneamente, para ficar em posição mais confortável.
Entre
nós esses fenômenos são tão banais que passam despercebidos. Políticos
mudam de partidos todos os anos.
Partidos
nascem feitos matas, como nos tempos de chuva.
Outros
desaparecem como nas nossas queimadas criminosas e anuais.
Processos
julgados e transitados pelo Supremo Tribunal Federal voltam a novo julgamento -
desde o descobrimento do Brasil em 1.500, pela primeira vez, segundo estudiosos
do assunto.
Também
pudera! Com o conteúdo da embalagem, o jeitinho brasileiro iria aparecer para
proteger os amigos do poder e, acabou aparecendo.
O
trocadilho que pretendia fazer com “seo” Kamamuda, entre brasileiros seria
entendido com uma banalidade, mas nunca entendido pelo japona.
A
comida do restaurante japonês era da melhor qualidade, como o bom gosto do
ambiente: todo espelhado, produzindo efeitos especiais deslumbrantes.
Muitos
mudavam de mesa para usufruir melhor dos fantásticos estímulos sensoriais com a
leveza da decoração que a todos encantavam.
Como
em um balé, as mesas andavam, procurando, no inesquecível restaurante, o seu
lugar mais prazeroso.
A
minha estava em frente a um belo espelho oriental.
Gabriel Novis Neves
24-09-2013
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