segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O ano acabou

Quando saio de casa rumo ao consultório, sempre ligo o rádio do meu carro para ouvir notícias. São quinze minutos de percurso, durante os quais fico sabendo dos “fatos e versões” importantes que aconteceram, ou irão acontecer, no Brasil e no mundo. Só não me interessa o resultado do futebol...
Entra o comercial. Para minha surpresa ouço a linda canção de Natal cantada pela Simone: “Então é Natal, e o que você fez? O ano termina e começa outra vez...”.
É o sinal de largada para o maior período de estímulo ao consumo.
Geralmente esses sinais apareciam em meados do mês de novembro. Em dezembro tudo é Natal, e o novo ano só inicia-se após o carnaval.
Seria a inflação, que o governo insiste em negá-la, a causa dessa prematura campanha publicitária?
É difícil suportar mais de dois meses de meios de comunicação só falando em vendas e campanhas pedindo doações de todos os lados.
Neste período, comandar arrecadação em espécie ou em artigos para melhorar a vida dos mais necessitados, virou bom negócio para muitos.
Essa função cabe ao poder público, que cobra exorbitantes impostos. Ninguém é obrigado a doar o que não deseja.
Interessante é que o governo do combate à fome e do extermínio da miséria, não participa deste ato cristão. Prefere investir nos caríssimos presépios e outros eventos de grande visibilidade política.
A iniciativa privada e os interessados nos votos das eleições do ano que vem, são os grandes interessados nessa participação, pensando, é claro, nos subprodutos da sua “ação social”.
Os grandes e poderosos são os beneficiários dessa intimidação, que é comprar para festejar o nascimento de Cristo. Já o necessitado, fica com as migalhas.
Conversei certa ocasião com um morador de um dos bairros mais pobres da nossa cidade e perguntei-lhe se tinha recebido muitos presentes de Natal.
Ele me disse que até foi procurado, mas para receber o presente teria que entregar o seu título de eleitor, que só seria devolvido no dia da eleição, com o nome do doador. Ele desistiu do mimo.
Como há gente utilizando desses expedientes para explorar os mais fracos!
Lamentável que isso ocorra em data tão simbólica para o Cristianismo.
O ano acabou, “então é Natal, e o que você fez”?

Gabriel Novis Neves
18-10-2013

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