Quando
saio de casa rumo ao consultório, sempre ligo o rádio do meu carro para ouvir
notícias. São quinze minutos de percurso, durante os quais fico sabendo
dos “fatos e versões” importantes que aconteceram, ou irão acontecer, no Brasil
e no mundo. Só não me interessa o resultado do futebol...
Entra
o comercial. Para minha surpresa ouço a linda canção de Natal cantada pela
Simone: “Então é Natal, e o que você fez? O ano termina e começa outra
vez...”.
É
o sinal de largada para o maior período de estímulo ao consumo.
Geralmente
esses sinais apareciam em meados do mês de novembro. Em dezembro tudo é Natal,
e o novo ano só inicia-se após o carnaval.
Seria
a inflação, que o governo insiste em negá-la, a causa dessa prematura campanha
publicitária?
É
difícil suportar mais de dois meses de meios de comunicação só falando em
vendas e campanhas pedindo doações de todos os lados.
Neste
período, comandar arrecadação em espécie ou em artigos para melhorar a vida dos
mais necessitados, virou bom negócio para muitos.
Essa
função cabe ao poder público, que cobra exorbitantes impostos. Ninguém é
obrigado a doar o que não deseja.
Interessante
é que o governo do combate à fome e do extermínio da miséria, não participa
deste ato cristão. Prefere investir nos caríssimos presépios e outros
eventos de grande visibilidade política.
A
iniciativa privada e os interessados nos votos das eleições do ano que vem, são
os grandes interessados nessa participação, pensando, é claro, nos subprodutos
da sua “ação social”.
Os
grandes e poderosos são os beneficiários dessa intimidação, que é comprar para
festejar o nascimento de Cristo. Já o necessitado, fica com as migalhas.
Conversei
certa ocasião com um morador de um dos bairros mais pobres da nossa cidade e
perguntei-lhe se tinha recebido muitos presentes de Natal.
Ele
me disse que até foi procurado, mas para receber o presente teria que entregar
o seu título de eleitor, que só seria devolvido no dia da eleição, com o nome
do doador. Ele desistiu do mimo.
Como
há gente utilizando desses expedientes para explorar os mais fracos!
Lamentável
que isso ocorra em data tão simbólica para o Cristianismo.
O
ano acabou, “então é Natal, e o que você fez”?
Gabriel
Novis Neves
18-10-2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.