Essa
palavra nos lembra do comércio de corpos e da profissão mais antiga do mundo.
Esquecemo-nos,
entretanto, que a prostituição é muito mais que isso.
Ela
abrange toda e qualquer atividade a que nos entregamos apenas por dinheiro.
Não
seria, por exemplo, prostituta, aquela mulher que há muitos anos mantém uma
relação marital com alguém que não mais ama, apenas por segurança econômica e
preservação de seu patrimônio?
E
aquele indivíduo que apenas por amor às cifras vultosas recebidas vende a
própria consciência em transações escusas?
E
aquela pessoa que passa a vida odiando a profissão que exerce apenas em função
dos lucros daí auferidos?
Normalmente,
não paramos para pensar nos grandes malefícios que advém dessas condutas
doentias.
O
processo da educação não costuma passar pela cultura do prazer, e sim, pela
cultura do sucesso.
Não
nos habituamos a estimular os nossos descendentes a se entregarem na vida ao
que mais lhes agradam, mas ao que lhes trará maiores sucessos econômicos.
A
nossa preocupação não está vinculada à satisfação pessoal, ao contrário, isso é
o que menos conta.
Daí,
tantos adultos frustrados e doentes ao perceberem suas vidas pautadas apenas
por sucessos financeiros, que se mostram precários como fontes de realização e
felicidade.
Isso
é evidente em casos de jovens encantados com música, dança ou pintura e
que desde cedo foram desestimulados por seus progenitores, por não considerarem
atividades artísticas rendosas.
Realmente,
a distorção provocada pelo sistema começa muito cedo.
Parece
que lentamente estamos trilhando caminhos melhores, uma vez que já começamos a
ver em várias partes do mundo a utilização de testes vocacionais, fundamentais
na busca de reais talentos.
Sem
prazer, não existe possibilidade de trabalho produtivo enriquecedor para o
indivíduo e, muito menos, para a sociedade como um todo.
Vemos
com frequência, entre os amealhadores de grandes fortunas, muita
depressão. O sucesso estabelecido, normalmente, é inversamente
proporcional ao bem estar e ao equilíbrio emocional.
Lástima
que apenas os poetas e uns poucos privilegiados entendam, por exemplo, a
mensagem do inesquecível Vinicius de Moraes, que através de um belo
verso simboliza todo o imenso vazio da humanidade: “Você que só ganha pra
juntar, o que é que há, diz pra mim, o que é que há?”.
Talvez,
por essa percepção subliminar, as prostitutas sejam tão discriminadas, uma vez
que elas ostentam abertamente a conduta que toda uma sociedade costuma praticar
sem assumir.
Pensemos
nisso.
Gabriel
Novis Neves
26-09-2013
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