quinta-feira, 3 de outubro de 2013

PROSTITUIÇÃO

Essa palavra nos lembra do comércio de corpos e da profissão mais antiga do mundo.
Esquecemo-nos, entretanto, que a prostituição é muito mais que isso.
Ela abrange toda e qualquer atividade a que nos entregamos apenas por dinheiro.
Não seria, por exemplo, prostituta, aquela mulher que há muitos anos mantém uma relação marital com alguém que não mais ama, apenas por segurança econômica e preservação de seu patrimônio?
E aquele indivíduo que apenas por amor às cifras  vultosas recebidas vende a própria consciência em transações escusas?
E aquela pessoa que passa a vida odiando a profissão que exerce apenas em função dos lucros daí auferidos?
Normalmente, não paramos para pensar nos grandes malefícios que advém dessas condutas doentias.
O processo da educação não costuma passar pela cultura do prazer, e sim, pela cultura do sucesso.
Não nos habituamos a estimular os nossos descendentes a se entregarem na vida ao que mais lhes agradam, mas ao que lhes trará maiores sucessos econômicos.
A nossa preocupação não está vinculada à satisfação pessoal, ao contrário, isso é o que menos conta.
Daí, tantos adultos frustrados e doentes ao perceberem suas vidas pautadas apenas por sucessos financeiros, que se mostram precários como fontes de realização e felicidade.
Isso é evidente em casos de jovens encantados  com música, dança ou pintura e que desde cedo foram desestimulados por seus progenitores, por não considerarem atividades artísticas rendosas.
Realmente, a distorção provocada pelo sistema começa muito cedo.
Parece que lentamente estamos trilhando caminhos melhores, uma vez que já começamos a ver em várias partes do mundo a utilização de testes vocacionais, fundamentais na busca de reais talentos.
Sem prazer, não existe possibilidade de trabalho produtivo enriquecedor para o indivíduo e, muito menos, para a sociedade como um todo.
Vemos com frequência, entre os  amealhadores de grandes fortunas, muita depressão. O sucesso estabelecido, normalmente, é inversamente proporcional ao bem estar e ao equilíbrio emocional.
Lástima que apenas os poetas e uns poucos privilegiados entendam, por exemplo, a mensagem  do  inesquecível Vinicius de Moraes, que através de um belo verso simboliza todo o imenso vazio da humanidade: “Você que só ganha pra juntar, o que é que há, diz pra mim, o que é que há?”.
Talvez, por essa percepção subliminar, as prostitutas sejam tão discriminadas, uma vez que elas ostentam abertamente a conduta que toda uma sociedade costuma praticar sem assumir.
Pensemos nisso.

Gabriel Novis Neves
26-09-2013

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