quinta-feira, 17 de outubro de 2013

OUTRA CONVERSA

De há muito, durante as campanhas eleitorais, ouvimos vários candidatos dizer que o problema cruel da nossa saúde pública não é a falta de recursos financeiros, e sim, de gestão.
Eles se apresentam como modelo de gestores públicos, sendo que, muitos deles, vêm da área empresarial, onde o comportamento é outro.
Passadas as eleições o vencedor, antes mesmo da sua posse como executivo do SUS, começa a afinar a voz.
A falta de gestão é substituída pelo seguinte discurso: “vamos ver, temos que fazer parcerias, há escassez de dinheiro para cumprir as promessas de campanha, vamos acionar os nossos prestimosos deputados federais e senadores, quase na sua totalidade pertencentes à base de sustentação do governo federal, para ajudar na liberação de recursos federais não orçamentários, mas de emendas parlamentares ou empréstimos bancários.
Vamos, inclusive, procurar a iniciativa privada para, em parceria, construir o nosso tão sonhado e esperado Hospital de Clínicas, com alta complexidade, urgências e emergências”.
A partir daquele momento o nosso histórico problema de precário atendimento médico recebe novo tratamento.
Entra o discurso da falta de financiamento público e desaparece o da eficiência de gestão.
A única pessoa capaz de multiplicar os pães foi Jesus Cristo, que foi morto e crucificado ao lado de dois ladrões.
De lá para cá os “milagres” que acontecem estão sendo investigados pelos órgãos competentes.
O discurso agora é outro: não se faz uma gestão de qualidade sem recursos financeiros.
Os nossos executivos, de um modo geral, são empresários de sucesso que, em pouco tempo de trabalho conseguem, com uma boa gestão, construir verdadeiros impérios de prosperidade.
Sabem muito bem como funciona uma empresa no mundo capitalista, onde existe uma competição acirrada movida pela lei da oferta e procura.
No exercício de executivos públicos se transformam em verdadeiras princesas sonhadoras, que esperam pela chegada do príncipe encantado (dinheiro).
O bom gestor público é aquele que governa para a maioria da população.
Isso é possível enxugando a máquina pública hiperdimensionada, cortando os salários acima do teto constitucional, acabando com as aposentadorias imorais e com a corrupção.
Assim aparecerá o dinheiro para investimentos na saúde pública.
Por enquanto, temos apenas outro discurso que cairá no vazio.
Haja paciência!

Gabriel Novis Neves
11-10-2013

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