Os
domingos nos dão aquela falsa ilusão de um dia longo de prazeres. Mas, basta
chover um pouquinho pela manhã para surgir a preguiça, que é uma forma de lazer
diferenciada. É aquela onde encontramos o prazer exercitando o ócio criativo.
Tenho
um amigo que confessa ser portador da preguiça, que considera como o pior dos
pecados veniais.
Nesses
domingos chuvosos, tristes para alguns, nem o telefone toca e, se chama, pode
ter certeza que foi engano.
Os
animais caseiros se enroscam pelos cantos da casa pedindo proteção contra a
ameaça do dia escurecendo, sem aviso clareado com rápidos raios, por medo do
barulho dos trovões.
A
impressão que eu tinha quando criança era que alguma coisa muito pesada estava
sendo arrastada no céu.
Empregada
na cozinha e um corpo estendido na cama sem desejo nem de pensar, assim é o
domingo chuvoso.
Poderia
criar - se não o fizeram ainda - o dia do nada. Seria uma homenagem ao poeta
Ataulfo Alves, que tão bem cantou os versos de um domingo de sol em seu pequeno
município: “... missa aos domingos, jogos de botão pelas calçadas...”.
O
domingo é dedicado a passar o dia fora ou em casa recebendo amigos, mas,
naqueles de chuva, a rainha do “passar tempo” é a televisão, com os seus
repetitivos e insuportáveis programas de auditório e os infindáveis jogos de
futebol.
Os
jornais são generosos nas suas mensagens comerciais e nas narrações de sempre.
Revistas
procurando o melhor escândalo da semana, tarefa facílima em país de escândalos.
Leitura
deitado na cama, dependendo do conteúdo, sono profundo na terceira
página.
O
melhor é ouvir o barulho ritmado das gotas da chuva beliscando o vidro da
janela.
Enfim,
não estamos preparados para enfrentar a natureza com a força dos nossos
desejos, pois estes existem mesmo nas adversidades de todos os gêneros.
Basta
a força de um telefonema, e o domingo se transforma num mar de surpresas.
Criamos,
com o domingo tradicional, um verdadeiro castelo no ar capaz de sucumbir a um
pequeno capricho da natureza.
Gabriel
Novis Neves
15-10-2013
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