terça-feira, 1 de outubro de 2013

Paixão sofredora

Comecei a entender de futebol quando fui estudar no colégio dos padres.
A disciplina mais atraente do exame de admissão ao ginásio era o futebol. O colégio tinha vários campos.
O grande incentivador deste esporte era o padre Raimundo Pombo, que inclusive jogava futebol com a gurizada enrolando a sua batina colocando-a no bolso da calça comprida.
Era um craque o padre professor.
Em casa lia a revista “O Cruzeiro” e comecei a me interessar pelo futebol do Rio de Janeiro. Impressionou-me a figura do atleta galã Heleno de Freitas do Botafogo, a época chamado de Gilda, a maior estrela do cinema norte americano.
A estrela solitária na camisa do clube foi definitiva na escolha do clube que seria a minha grande paixão no futebol.
Comecei então a ouvir os jogos do campeonato carioca pelas “ondas” da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, quando não havia cortes de energia elétrica, comuns naqueles tempos.
Após as aulas, no retorno para casa, comentava com os meus colegas sobre o futebol.
Percebi que eu era o único torcedor do Botafogo. Os outros eram Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama. Poucos se interessavam pelo futebol de São Paulo.
Meu time era sempre vice-campeão, apesar de possuir o jogador mais carismático e técnico do Rio de Janeiro.
Em 1948, o Botafogo resolveu vender o seu ídolo para o Boca da Argentina e trouxe para o seu lugar (de graça) um veterano jogador em final de carreira (Pirilo).
Fez ainda algumas pequenas contratações e lançou na lateral esquerda um soldado da Aeronáutica, por falta de opções – Nilton Santos.
Pasmem! Sagrou-se campeão carioca.
Vou estudar no Rio. A minha faculdade ficava próxima ao campo do Botafogo. Durante os doze anos que permaneci no Rio, o Botafogo tinha um time que era uma verdadeira seleção.
Retorno para Cuiabá mais fanático de quando daqui saí.
A televisão facilitou tudo. Já pensei em não torcer mais pelo Botafogo e apagar o futebol dos meus prazeres sofredores. Não consigo.
Assisti ao “holandês” perder o pênalti. Que tristeza! Parece que todas as minhas alegrias do passado desapareceram.
Será que desta vez, consigo, pelo menos, uma licença prêmio para evitar tanto sofrimento?

Gabriel Novis Neves
20/09/2013

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