Comecei
a entender de futebol quando fui estudar no colégio dos padres.
A
disciplina mais atraente do exame de admissão ao ginásio era o futebol. O
colégio tinha vários campos.
O
grande incentivador deste esporte era o padre Raimundo Pombo, que inclusive
jogava futebol com a gurizada enrolando a sua batina colocando-a no bolso da
calça comprida.
Era
um craque o padre professor.
Em
casa lia a revista “O Cruzeiro” e comecei a me interessar pelo futebol do Rio
de Janeiro. Impressionou-me a figura do atleta galã Heleno de Freitas do
Botafogo, a época chamado de Gilda, a maior estrela do cinema norte americano.
A
estrela solitária na camisa do clube foi definitiva na escolha do clube que
seria a minha grande paixão no futebol.
Comecei
então a ouvir os jogos do campeonato carioca pelas “ondas” da Rádio Nacional do
Rio de Janeiro, quando não havia cortes de energia elétrica, comuns naqueles
tempos.
Após
as aulas, no retorno para casa, comentava com os meus colegas sobre o futebol.
Percebi
que eu era o único torcedor do Botafogo. Os outros eram Flamengo, Fluminense e
Vasco da Gama. Poucos se interessavam pelo futebol de São Paulo.
Meu
time era sempre vice-campeão, apesar de possuir o jogador mais carismático e
técnico do Rio de Janeiro.
Em
1948, o Botafogo resolveu vender o seu ídolo para o Boca da Argentina e trouxe
para o seu lugar (de graça) um veterano jogador em final de carreira (Pirilo).
Fez
ainda algumas pequenas contratações e lançou na lateral esquerda um soldado da
Aeronáutica, por falta de opções – Nilton Santos.
Pasmem!
Sagrou-se campeão carioca.
Vou
estudar no Rio. A minha faculdade ficava próxima ao campo do Botafogo. Durante
os doze anos que permaneci no Rio, o Botafogo tinha um time que era uma
verdadeira seleção.
Retorno
para Cuiabá mais fanático de quando daqui saí.
A
televisão facilitou tudo. Já pensei em não torcer mais pelo Botafogo e apagar o
futebol dos meus prazeres sofredores. Não consigo.
Assisti
ao “holandês” perder o pênalti. Que tristeza! Parece que todas as minhas
alegrias do passado desapareceram.
Será
que desta vez, consigo, pelo menos, uma licença prêmio para evitar tanto
sofrimento?
Gabriel
Novis Neves
20/09/2013
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