Quando
somos jovens todos os programas de lazer são maravilhosos!
No
final de semana o programa predileto era passar o dia em chácaras nas beiras do
Rio Cuiabá, Coxipó ou Coxipó do Ouro.
Churrasco,
carne assada, peixe frito, cervejinha, joguinho de futebol, conversa fiada,
corpo jogado na rede, uma mergulhada nas águas não poluídas da nossa bacia
hidrográfica para amenizar o calor.
A
luta contra as moscas. O latido dos cães vadios. A criança peralta que foi
queimada pela saçurana. O dia findando. A melancolia surgindo. É hora de
voltar.
Tudo
era bonito e deixava saudade. No caminho as moradoras da região vestidas com
roupinhas de chita e enfeites florais na cabeça.
Restava
saber se na próxima semana tudo iria se repetir. Como era longa essa espera! Desde
sempre o tempo custa a passar para as crianças, enquanto que, para os adultos,
ele voa.
Passados
tantos anos, será que tenho paciência para suportar esse quadro que tantos
prazeres me davam na juventude?
Sem
nem mesmo pensar digo que prefiro o conforto do meu apartamento, onde converso
com a solidão.
Aquelas
conversas do passado não me lembram de prazer. Como diz o poeta da Portela,
“foi um rio que passou em minha vida”.
Essa
é a minha mais pura verdade, inimiga cruel dos saudosistas, mas, é o que sinto
como idoso.
As
pessoas não existem mais e tudo mudou. A beleza foi substituída pela
tecnologia.
A
idade me fez mais seletivo na escolha dos ambientes de lazer, pessoas e seus conteúdos
imateriais.
Não
acho mais graça nas antigas e repetitivas conversas. Sinto um enorme
prazer em sair do pré-estabelecido. A frase que há anos me norteia é que
“para ser o mesmo, tenho que mudar”.
Muitos
interpretam a mudança de preferências como demonstração de insegurança ou
debilidade de personalidade.
Nada
mais equivocado. Os que mudam estão se renovando, como os nossos neurônios,
onde milhões são substituídos, ou não, diariamente, segundo o método de vida
escolhido pelo cidadão.
Essa
é a realidade da vida. Ontem não somos hoje. A idade que substituiu a nossa
juventude não exalta o saudosismo – sentimento inútil.
Gabriel
Novis Neves
08-10-2013
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