Apesar
do meu apelo em recente artigo implorando que o governo conjugasse o verbo sempre no presente quando dos anúncios das suas iniciativas administrativas, o resultado foi o mesmo de uma conversa que entra por um ouvido e sai pelo outro.
A
recém-criada Empresa Cuiabana de Saúde (ECS) prometeu colocar em funcionamento, daqui a quatro meses, o “novo” Hospital das Clínicas, que funcionará no antigo prédio que já foi Hospital Neurológico Eggas Muniz, Hospital das Clínicas, da Criança, da Mulher e, no ano passado, Hospital de Transplantes.
Diz
o município que a “nova” unidade hospitalar terá duzentos e cinquenta leitos e será o maior do Estado.
Até
agora ninguém conhece o projeto arquitetônico que será executado, pois a velha estrutura do hospital deverá passar por uma verdadeira cirurgia
plástica para se adequar aos padrões atuais de funcionalidade.
Os
recursos financeiros da obra também não foram divulgados. Apenas a notícia de sempre: “O Ministério da Saúde está interessadíssimo na viabilização desse projeto”.
Promete ajudar, liberando, imediatamente, recursos para iniciação e conclusão do hospital no prazo previsto.
Todos sabem que o orçamento deste ano já era. Foi todo comprometido e, na melhor das hipóteses, os primeiros recursos, se aparecerem por aqui, serão no próximo ano, após a quarentena da contenção de despesas adotadas pelos governos nos três níveis.
Com
esse rápido e lógico raciocínio já se passaram os cento e vinte dias prometidos para a sua inauguração, acrescentando mais uma frustração na nossa população e um tremendo desgaste político aos gestores.
Não
nos esqueçamos do longo caminho burocrático enfrentado por uma obra pública.
Licitação,
cujo edital é executado após trinta dias da sua publicação.
Aprovação
do vencedor, mais uns dias para receber e julgar as inevitáveis impugnações.
Proclamado
o vencedor, mais alguns dias para a assinatura do contrato, que deverá respeitar a lei da Responsabilidade Fiscal, que diz que uma obra pública só poderá ser lançada se os recursos totais para a construção estiverem assegurados, com indicação das respectivas fontes.
Então,
é dada a ordem de serviço ao vencedor. Quem irá trazer esses misteriosos recursos ainda não identificados, será a ECS.
Recentemente tivemos uma grande decepção com o anúncio do início das obras do novo Hospital Universitário Júlio Muller, às margens da rodovia para Santo Antonio do Leverger, em lugar de grande visibilidade, com capacidade para duzentos e cinquenta leitos e inauguração programada para o mês de dezembro, cujo ano não foi dito.
Seria
uma grande contribuição na área hospitalar para os jogos da Copa.
O
custo do hospital ficaria em cento e vinte milhões de reais. O governo do Estado se comprometeu a dar metade, e o outro tanto viria de emendas parlamentares.
As
emendas não foram liberadas, o governo do Estado não toca mais no assunto e ninguém viu o tal projeto, que até hoje não tem um tijolo no chão do cerrado.
O
Ministério da Educação colocaria para captar recursos e administrar o abortado hospital, a sua recém-criada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
Situação
semelhante à nossa ECS.
De
certo, o que existe desse novo empreendimento público municipal é o aluguel do antigo hospital, que será totalmente adequado por cento e trinta mil reais por mês e, oitenta por cento do Ministério da Saúde para ajudar nas despesas de custeio, orçadas aleatoriamente em seis milhões de reais por mês.
O
Ministério da Saúde prometeu que repassaria apenas doze milhões de reais para o início das obras, sem data marcada.
Prometer
para a população sofrida de Cuiabá a construção de um hospital sabendo que ele não será entregue no prazo previsto, só serve para dar desgaste ao esforçado e pobre governo municipal.
Tá bom. Vou acreditar e torcer para que eu esteja errado.
E
a construção do nosso novo Pronto Socorro Municipal, hein?
Gabriel Novis Neves
19-10-2013
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