segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O PIOR

Em recente pesquisa divulgada pela INFRAERO (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), dos doze aeroportos das Capitais brasileiras que irão sediar os jogos da Copa de 2014, o nosso é o que apresenta os maiores problemas.
A sala de espera do aeroporto de Cuiabá, que fica no município de Várzea Grande e deve à sua construção a uma intoxicação alimentar na então primeira-dama do país, Maria Tereza Goulart é um mundo fascinante.
Na promiscuidade de pessoas embarcando, enfrentando longas filas, com espaços reduzidos - onde corpos se tocam -, sem refrigeração adequada para o tórrido ambiente e, pela fisionomia das pessoas, sabemos os que estão “loucos” para ficar e outros para ir.
Neste período de chuvas com temporais, raios e trovões, geralmente o voo é suspenso e o infeliz passageiro é avisado pelo microfone, já que o painel eletrônico pifa nessas ocasiões.
Nenhuma orientação é prestada a essa gente que tinha compromissos agendados em outra cidade ou Estado. Isso demonstra que a tal da terceirização, que virou moda no serviço público, tem um atendimento de total despreparo do seu pessoal de terra.
Os passageiros frustrados são aconselhados a aguardarem a qualquer instante por novas orientações sobre os seus destinos.
Algumas companhias aéreas, sabedoras do prejuízo que significa o cancelamento de um voo, enfrentam todas as intempéries e decolam os seus aparelhos mais pesados que o ar.
Interessante é observar a fisionomia dos passageiros envolvidos nessa situação. Fingem que tudo aquilo que está acontecendo é a coisa mais natural deste mundo.
Alguns disfarçam o seu medo falando ao celular. Outros leem um livro ou rabiscam anotações em uma caderneta. Difícil alguém desistir da viagem ou deixar o embarque para o dia seguinte.
São os crentes no “assim estava escrito”, pois mesmo confiando na tecnologia, não é fácil entrar em um avião debaixo de tempestade.
Os supersticiosos acham que o que está acontecendo é um aviso, que a viagem não vai dar certo. Mas, quando pensam na mão de obra que é desmarcar uma viagem, preferem arriscar, no caso, a sua própria vida.
Não é muito sedutor no meio em que vivemos confessar fraquezas. A época é de grandes vencedores destemidos, mesmo que não o sejam. 
Enfim, algo de muito importante deve esperar, em terras longínquas, esses passageiros. Pior para o mau tempo, que logo desaparece com a decolagem.
Só temo viajar com comandantes com mais de vinte mil horas de voo, talvez pelo hábito frequente de vivenciar o perigo.
São esses que estão nas catástrofes da aviação.


Gabriel Novis Neves
12-10-2013

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