Superstição

Tentei acertar os seis números da Mega para ganhar o bolão e resolver problemas que me incomodavam.

Esta foi a única motivação que me fez preencher os quadradinhos do primeiro sorteio do mês de julho - muito emblemático para mim.

Não existe uma receita, tampouco uma lógica para acertar na mosca da fortuna.

A literatura relata o caso de um “anão” que acertou dezenas de vezes e ficou riquíssimo.

Os satélites do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais) não conseguem localizar os lugares onde essa sorte pousa.

Os ganhadores de grandes prêmios nunca aparecem, mas o dinheiro ganho é sempre retirado da Caixa Econômica Federal.

Um senador, após estudar o problema misterioso dos acertadores invisíveis, e munido de farta documentação, indicando falta de lisura na manipulação da máquina da felicidade, propôs uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para esclarecer o estranho fato.

Pela riqueza de datas significativas para mim no mês sete do ano, fiz uma miscelânea com os números que representavam meus pontos luminosos.

Foi difícil selecionar os seis números que procurava para curar o meu desconforto.

Marquei com convicção a cartela, na certeza que tudo daria certo.

Acordei mais cedo que o habitual para conferir o meu cartão de aposta na Internet. Decepção. Não acertei nenhum número.

Logo me veio à mente o provérbio popular: “Riqueza não traz felicidade”.

O jeito foi sair de casa para o trabalho.

Paro em um sinal vermelho de trânsito atrás de um caminhão de carga.

No para-choque a frase: “Dinheiro não trás felicidade, manda vir”!

Recupero a minha razão.

Tenho a maior riqueza deste mundo, que é a minha linda família. Todos com saúde e vivendo na mais perfeita harmonia e santa paz.

Que bobagem então pensar em dinheiro?

Como não existe o perfeito, nesta data recordamos com emoção a única perda que tivemos.

A nossa matriarca, que no último dia quatro estaria completando aniversário, nos deixou há sete anos.

Obrigado, inesquecível Regininha!

Até.

Gabriel Novis neves

04-07-2013