Lembro-me quando assisti pela televisão o Presidente da
FIFA anunciar que Cuiabá seria uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014.
Surpresa para mim, mas não para o governo, que se concentrava em um bar de grande visibilidade na nossa cidade.
Pelo deputado federal Romário, ficamos sabendo dos
critérios da nossa escolha.
Os responsáveis por esse trabalho de valorização da
nossa ex-Cidade Verde, tinham absoluta certeza do sucesso dos negócios, e que essa foi uma indicação por “mérito”.
Foi um privilégio ver o então governador, secretários,
o vice - e atual mandatário do Estado -, seus amigos do peito, e até o “inimigo” prefeito da capital, todos vestidos com a amarelinha da seleção de futebol.
Entre beijos e abraços, com os olhos vermelhos de tanto
chorar, embrulhados na bandeira nacional e superemocionados, cantaram o nosso hino.
A imprensa escrita, falada e televisava, a pedido da
Secretaria de Comunicação do Estado, documentaram o fato histórico.
Nunca tinha visto maior demonstração do mais puro patriotismo.
Diziam os amigos do governador, maior responsável por esse grande evento em nossa carente Cuiabá, que isso era uma benção de Deus. Um sonho! Um milagre! - gritavam outros. Não havia naquela animada festa nenhum
interesse financeiro beneficiando grandes empreiteiras, tão generosas no
financiamento das campanhas políticas.
A perspectiva de lucros exuberantes na execução das
obras faraônicas, onde haveria negociata por trás de cada contrato a ser fechadas por elas, era teoria dos profetas do atraso torcendo contra Cuiabá.
A alegria naquele momento das nossas autoridades era a demonstração de amor pelo esporte rei.
Os amigos do poder tinham certeza que os legados da
Copa iriam melhorar, e muito, a vida da nossa gente.
Passado os anos, diante de tantos desmandos
administrativos e descuido com o dinheiro público, o sonho da euforia transformou-se no maior movimento de protesto do povo cuiabano e brasileiro - inconformados com a corrupção, especialmente nas obras da Copa.
O povo nas ruas da minha cidade será o maior legado desta Copa. Suas obras estão bem atrasadas e, até a mais feia das Arenas, corre sério risco de não ficar concluída até dezembro, prazo último concedido pela FIFA para a realização da Copa aqui.
“Tchupa essa manga, Campo Grande!” Foi a frase cunhada
nesta festa para provocar a sulista capital do Pantanal.
Gabriel Novis Neves
27-06-2013
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