quarta-feira, 31 de julho de 2013

Incoerência

O nosso país, que faz questão de ser chamado como pertencente ao grupo das nações mais desenvolvidas do mundo, escorrega no quesito saúde.
A revalidação de diplomas de médicos estrangeiros ou formados no exterior para o exercício da sua profissão no Brasil tem que seguir o protocolo internacional do primeiro mundo.
Isso ocorre, sem discussões, no chamado grupo dos oito países mais desenvolvidos, e até no dos vinte, onde está o Brasil.
Por que aqui deve ser diferente?
É simplesmente para esconder a falta de investimento do Estado.
Quando houver participação efetiva do governo, criando condições para o médico exercer com dignidade e humanismo a sua profissão, o problema desaparecerá.
Temos o maior número de escolas de medicina do mundo, e formamos médicos em quantidade suficiente para atender às nossas necessidades.
Nosso problema é de ausência de políticas públicas para a fixação do médico no interior.
Por que não adotar o modelo que funciona muito bem nas carreiras de juízes e promotores?
Julgo oportuno transcrever o depoimento de um médico paulista, que logo após a sua formatura foi atender no interior de Mato Grosso do Sul.
“Sentia-me quase um sacerdote, pois sem estrutura, remédios ou exames laboratoriais, o meu atendimento era quase uma benção. O paciente saía resignado, às vezes até feliz, pois, privado da sua condição de cidadania, para ele o simples aperto de mãos do “doutor” era a migalha de presença do Estado”.
“Segui em frente, vim para um grande centro, onde consigo exercer da melhor forma o que aprendi e desenvolvo minha prática em favor da saúde.”
“Ora, para participar daquele teatro não precisa revalidar diploma, não precisa sequer ser médico. Basta colocar um jaleco branco, que o prefeito aos gritos anuncia: “Pronto! O doutor chegou!”
“Nesse espetáculo já fiz o meu papel de palhaço, hoje não mais” - conclui o médico Paulo Saraceni Neto ao Jornal Medicina do Conselho Federal de Medicina.

Gabriel Novis Neves
19-07-2013

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