Muitos plantonistas do poder acham que médicos são
mágicos. Acreditam que com um estetoscópio no pescoço e o salário de um
engraxate do Senado, conseguem exercer a sua profissão.
Médico não consegue transformar um depósito de lixo em
um centro cirúrgico.
Para a fixação de um médico no interior é necessário um
mínimo de infraestrutura para que ele possa realizar seu trabalho.
Não é prioridade “na terra do nunca” investir em Saúde
Pública.
Mandar na marra, como quer a autoritária Presidente,
médicos recém-graduados para ocupar vagas existentes, em, pelo menos, 1200
municípios brasileiros virgens desses profissionais, é o mesmo que contratar um
bom cozinheiro francês para cozinhar onde não há fogão e comida.
A questão central é racionalizar a distribuição desses
profissionais.
O insuspeito Professor Adib Jatene, pertence à Comissão
de Especialistas em Ensino Médico da Secretaria de Ensino Superior (SESU) do
MEC, disse, em recente entrevista, que há oito meses essa Comissão não se
reúne, e que todas essas decisões tomadas pela Presidente foram divulgadas sem
ouvir a opinião daqueles que vivenciam o ensino médico e o contato com os
pacientes.
Essa gente foi ignorada pelos sindicalistas do poder,
com o aplauso da maioria dos governadores.
Esses “sábios de tudo” enxergam a medicina pela janela
dos seus refrigerados gabinetes em Brasília.
Adib Jatene, que sempre teve a coragem de colocar o
dedo na ferida quando, por duas vezes, foi Ministro da Saúde, continua
afirmando que o nosso principal problema é a falta de investimentos na saúde.
Em segundo lugar, temos que mudar urgentemente o
currículo do ensino médico.
A proposta dos gabinetes é a de formar um generalista
em dez anos e o especialista em catorze.
Entrar depois dos quarenta anos no mercado da fome é
uma medida injusta.
Em curto prazo, manda quem sabe, investir fortemente
nos Programas da Saúde da Família, baseado no Agente Comunitário.
Quanto à importação de médicos estrangeiros, temos algumas
respostas que surpreenderam os planejadores de janela.
Os portugueses já justificaram a sua recusa pela
proposta brasileira. A Academia de Medicina de Portugal, e todas as
entidades representativas dos médicos, disseram que a proposta era uma indignidade
aos médicos da terra de Camões.
O Conselho Geral dos Médicos da Espanha exige do
governo brasileiro certas garantias. A principal é sobre as condições de
infraestrutura dos hospitais onde esses médicos irão trabalhar. Não queremos
ser enganados, disse o responsável pelas negociações com o Brasil. Os médicos
espanhóis estão preferindo o Catar, Alemanha e Reino Unido.
Com Cuba, não houve acerto. O governo cubano queria
receber o equivalente aos salários do seu produto de exportação, e uma pequena
remuneração seria repassada aos prisioneiros médicos cubanos.
Falta humildade aos poderosos para ouvir quem sabe.
O grito das ruas foi entendido e não deglutido.
Pobre Brasil, onde o governo confunde médico com
mágico!
Gabriel
Novis Neves
11-07-2013
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