Decididamente
estamos vivendo momentos de grandes emoções.
A chegada papal, filmada em todo o seu trajeto, foi
palco de um susto inimaginável pela segurança de qualquer chefe de estado em
visita a um país, principalmente da América Latina.
O papa, como bom sul-americano é, como todos nós,
extremamente sensível ao toque.
Por falha do serviço de locomoção da comitiva papal, o
carro que transportava Francisco viu-se preso a um engarrafamento na
Avenida Presidente Vargas. Situação absolutamente surreal para um evento
cuidadosamente preparado com tanta antecedência.
Sua Santidade, ao contrário do esperado, optou por
continuar com a janela do carro aberta a fim de que pudesse ter um maior
contato físico com o seu rebanho.
Momentos muito aflitivos para os seus seguranças, que
apenas com seus modestos corpos impediam uma aproximação maior dos populares.
Não consigo imaginar um único chefe de estado nos dias de hoje em situação
análoga.
Homem inteligente que é, sabe bem que o grande
sangramento de fiéis da igreja católica nesses últimos anos ocorreu muito em
função desse distanciamento ocorrido entre igreja e povo.
Enquanto isso, nossos dirigentes usavam helicópteros
para um simples deslocamento de quinze minutos. Suas Excelências,
com certeza, temiam se deslocar de carro no trajeto entre a Base Aérea do
Galeão e o Palácio da Guanabara em Laranjeiras, onde o papa seria homenageado.
Começo até a imaginar que esse contraste tenha sido
proposital, tamanho o impacto provocado. A humildade do papa atual é um soco na
cara de nossa classe política, tão cheia de empáfia.
No Palácio Guanabara, a Presidente e Sua Santidade
discursaram.
Dessa feita, palmas para quem escreveu o discurso
presidencial, aliás, o melhor feito nesses tempos de crise. Um detalhe: foi
preparado para a reunião do PT em Brasília, que a Presidente não compareceu, e
não, para os milhões de peregrinos.
A presidente tentou capitalizar para si o conteúdo
político social que, com certeza, imaginava vir do Papa, abordando temas como
justiça social, solidariedade e direitos humanos.
O papa teve palavras elogiosas para com o Brasil, falou
simples, falou para os fiéis.
Enquanto isso, apesar do enorme contingente policial, a
duzentos metros do Palácio continuava os clamores de rua que insistem em
protestar, apesar de toda a repressão.
Gabriel
Novis Neves
23-07-2013
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