domingo, 28 de julho de 2013

Chegada papal

Decididamente estamos vivendo momentos de grandes emoções.
A chegada papal, filmada em todo o seu trajeto, foi palco de um susto inimaginável pela segurança de qualquer chefe de estado em visita a um país, principalmente da América Latina.
O papa, como bom sul-americano é, como todos nós, extremamente sensível ao toque.
Por falha do serviço de locomoção da comitiva papal, o carro que transportava Francisco viu-se preso a um engarrafamento na Avenida Presidente Vargas.  Situação absolutamente surreal para um evento cuidadosamente preparado com tanta antecedência.
Sua Santidade, ao contrário do esperado, optou por continuar com a janela do carro aberta a fim  de que pudesse ter um maior contato físico com o seu rebanho.
Momentos muito aflitivos para os seus seguranças, que apenas com seus modestos corpos impediam uma aproximação maior dos populares. Não consigo imaginar um único chefe de estado nos dias de hoje em situação análoga.
Homem inteligente que é, sabe bem que o grande sangramento de fiéis da igreja católica nesses últimos anos ocorreu muito em função desse distanciamento ocorrido entre igreja e povo.
Enquanto isso, nossos dirigentes usavam helicópteros para um   simples deslocamento de quinze minutos. Suas Excelências, com certeza, temiam se deslocar de carro no trajeto entre a Base Aérea do Galeão e o Palácio da Guanabara em Laranjeiras, onde o papa seria homenageado.
Começo até a imaginar que esse contraste tenha sido proposital, tamanho o impacto provocado. A humildade do papa atual é um soco na cara de nossa classe política, tão cheia de empáfia.
No Palácio Guanabara, a Presidente e Sua Santidade discursaram.
Dessa feita, palmas para quem escreveu o discurso presidencial, aliás, o melhor feito nesses tempos de crise. Um detalhe: foi preparado para a reunião do PT em Brasília, que a Presidente não compareceu, e não, para os milhões de peregrinos.
A presidente tentou capitalizar para si o conteúdo político social que, com certeza, imaginava vir do Papa, abordando temas como justiça social, solidariedade e direitos humanos.
O papa teve palavras elogiosas para com o Brasil, falou simples, falou para os fiéis.
Enquanto isso, apesar do enorme contingente policial, a duzentos metros do Palácio continuava os clamores de rua que insistem em protestar, apesar de toda a repressão.

Gabriel Novis Neves
23-07-2013 

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