Nasci
na primeira metade do século XX. Naquela época os religiosos/as da Igreja
Católica Apostólica Romana, usavam vestes próprias: as batinas e os hábitos.
As
missas eram realizadas em latim, com o oficiante em um altar de costas para os
fiéis.
Nem
pensar em receber a Santa Eucaristia sem antes passar pelo confessionário.
A
igreja era um lugar de paz, meditação consagração e agradecimento. Um órgão
acompanhava uma cantora lírica e um coral na interpretação dos hinos sagrados,
que penetravam fundo em nossos corações.
Era
o ritual da fé. Saíamos do templo sagrado certos do perdão alcançado e de
alguma graça pedida e recebida.
Os
tempos agora são outros. A sensação que fica aos mais antigos que frequentam a
moderna igreja católica, é que foi passada uma borracha nos rituais de
antigamente. A fé agora precisa de amuletos.
Estas
mudanças, dizem os entendidos, foram feitas com o objetivo de captar mais
ovelhas para o rebanho do Senhor. Muitas estavam sendo atraídas para outros
pastos.
Entretanto,
na prática, não foi bem isso que aconteceu. As estatísticas e os serviços da
igreja comprovam que, mesmo assim, esse rebanho foi reduzido.
Das
inúmeras inovações introduzidas no modernismo da religião católica, quero citar
apenas uma: a coreografia religiosa. Dizem que ela age como fator agregador da
fé. Tenho minhas dúvidas.
Infelizmente,
o culto religioso dos tempos modernos, se assemelha muito a um grande programa
de auditório. Todos dançam, cantam e batem palmas.
No
entanto, a motivação de quem sai de casa para assistir a uma missa é totalmente
diferente daquele que procura um prêmio em um auditório do Gugu, Faustão,
Sílvio Santos e tantos outros.
Além
de produzir a desconcentração dos fiéis no momento do encontro espiritual tão
procurado, tentam homogeneizar os sentimentos das pessoas.
A
música eletrônica, com bateria e puxador de hinos, deixa na saudade o som dos
antigos órgãos, que funcionavam como chave para abrir comportas das nossas
emoções.
Será
mesmo que essa recente coreografia religiosa, que transformou o espaço de
orações em um imenso auditório de programa de diversão, era para evitar a
evasão de fiéis? Não creio.
Não
creio que a coreografia religiosa implantada, tenha aumentado a fé dos
ferrenhos seguidores das palavras do Senhor. Pelo contrário, foi uma ducha fria
na fé de muitos.
Se
até hoje acreditamos nos dogmas da igreja, por que acrescentar a coreografia
inibidora?
Temos
muito ainda que analisar. Religião para mim é questão de fé. E a fé não precisa
de artifícios para ser incorporada ou mantida.
Gabriel
Novis Neves
21-02-2012
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