Se
existe uma coisa que não se discute é o gosto das pessoas. O que seria da
humanidade se existisse unanimidade na preferência dos nossos sentimentos e
emoções?
Escrevo
diariamente pequenos textos de fundo social, e tento mostrar aquilo que o meu
coração vê. Sei que alguns os leem.
Para
descansar os meus leitores dessas misérias sociais colocadas após um túnel
escuro, onde não se vê o final, escrevo, ou melhor, tento escrever textos
relacionados a essa figura complexa que é o ser humano.
A
reação de espanto é imediata. A maioria não interpreta esses artigos,
propositais, como um descanso de final de semana.
Enxergam
situações que desconheço. Uma das aventuras de escrever – e publicar - é a de
saber exatamente como você é interpretado.
Nesta
minha curta carreira, com mais de mil artigos publicados, tenho uma pequena
amostra do que digo.
Uns
concordam em número gênero e grau - como se costuma dizer. Outros fazem grandes
reparos, geralmente não aceitando a utopia tão frequente neles.
Não
acreditam que um dia possamos ter um mundo melhor.
Ah!
E quando escrevo sobre sentimentos humanos?
O
comentário é inevitável: - “Aí tem...”. E, na verdade, tem.
Vivo
em um mundo diferenciado do mundo dos negócios, onde a felicidade está no
resultado do fechamento das Bolsas de Valores de Chicago. Vivo de fortes
emoções, produzidas no ambiente em que trabalho, que é um hospital.
O
sociólogo João Vieira, durante anos me acompanhou nos plantões de sábado no
saudoso Hospital Geral.
Um
dia, voltava da sala de partos e, ao chegar ao quarto dos médicos, Vieira me
surpreende com esta frase: “O hospital é um centro de despojamento”.
Todos
os nossos bens materiais, títulos e honrarias, ficavam na recepção do hospital.
Ali tinha gente doente e gente habilitada a tratar dessas pessoas. Na ocasião,
eu era, lá fora, reitor da Universidade Federal de Mato Grosso.
Naquele
espaço de macas, centros cirúrgicos e enfermarias, só tinha lugar para os
profissionais despojados de qualquer outro sentimento que não fosse o de
igualdade e da solidariedade para com os enfermos.
Para
muita gente é difícil acreditar que nos dias de descanso existe quem cuide dos
doentes por gosto, mesmo sendo remunerados.
É
sábio o velho ditado que “gosto não se discute”, muito menos nas intenções de
um texto que expõem as nossas emoções, dando origem às mais variadas
interpretações.
Gabriel
Novis Neves
18-06-2012
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