quinta-feira, 26 de julho de 2012

ALINHAMENTO


Nunca vi gente tão preocupada com a gramática e com o lançamento de novos sinônimos para velhos substantivos como os nossos políticos. O último a ser lançado neste meio de inverno e início de campanha ao próximo pleito municipal é alinhamento.
Esse substantivo masculino, outrora traduzia fileira, apuro, traçado do eixo, engajamento, adesão.
Eu faço associação de ideia de alinhamento com oficina mecânica verificando o eixo das rodas do meu carro.
Em política moderna alinhamento significa que o exercício do poder no Brasil só é eficaz se o prefeito for do mesmo grupo do governador, e este do presidente da República.
Este alinhamento fará jorrar recursos federais para o governo do Estado e do município.
Será que esse cordão criado por marqueteiros, e repetido por governadores e prefeitáveis, de fato funciona?
Mato Grosso está alinhado com o governo federal. A presidente da República cortou alguns milhões em recursos para alguns Estados. Um dos premiados foi o nosso. Valeu ser alinhado ou desalinhado com uma boa bancada no Congresso para negociar o preço do alinhamento?
A justificativa foi a crise nos países do euro. O grupo alinhado agradece o corte de recursos, pois é uma forma de ajudar o Brasil a vencer as dificuldades dos países ricos.  
Alexandre Garcia relata que esteve no olho do furacão da crise europeia. Por lá não viu nada e, nos jornais cuja imprensa é livre, leu algumas notícias relacionadas a ajustes da moeda.
Com relação ao Brasil, nenhuma notícia. A cassação do senador do Cachoeira não mereceu nem notícia de rodapé dos jornais.
Parece até que a crise existe no Brasil, o que não é verdade. Enfrentamos alguns probleminhas próprios de países em desenvolvimento, como inflação, aumento da taxa de desempregados e greves. Coisas normais, nada a preocupar.
Aqui em Cuiabá, o meu bom Lúdio recebeu ordens para adotar, como bandeira de campanha para ganhar as eleições municipais, a defesa do alinhamento. O governador do Estado, seu mais forte aliado, já embarcou nessa, e só fala em alinhamento, mesmo sofrendo cortes de recursos do governo federal.
Lúdio é contra privatizações, e o governo federal só pensa em privatizar o que ainda restou dos governos FHC e Lula. Agora a vez é dos aeroportos.
Lúdio não gosta de ouvir falar em Organizações Sociais na Saúde. O governador do Estado entregou a administração de todos os seus hospitais e alguns serviços de saúde às OSS.
Nem o ex-partidão da estrela está alinhado em Cuiabá. Está difícil alinhar o desalinhado grupo na eleição de Cuiabá como estratégia de vitória.
No momento, o meu bom Lúdio não tem discurso para a campanha. Alinhamento não é plano de governo e nem as pedras de Cuiabá acreditam nessa novidade de se conseguir recursos federais.
O candidato já disse que é contra a privatização da Sanecap, que já foi vendida. O seu partido, desde que assumiu o poder, só pensa em privatizar.
O governo do Estado, que lhe ofereceu o seu vice, entregou toda a saúde pública às Organizações Sociais (OSS).
Lúdio, como a maioria dos médicos e trabalhadores de saúde, foi contra e lutou para que esse crime não fosse cometido contra a população pobre.
O pior é que os resultados estão aí e, o governo Estadual, que apoia o candidato do PT, cometeu um tremendo equívoco enfrentando, inclusive, as recomendações do Conselho Federal de Medicina contra a privatização da saúde pública pelas OSS.
Seria estratégico para o candidato que tem luz própria perder a direção e sair da loucura do alinhamento para procurar novos caminhos.
Com certeza terá mais votos.

Gabriel Novis Neves
17-07-2012

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