Nunca
vi gente tão preocupada com a gramática e com o lançamento de novos sinônimos
para velhos substantivos como os nossos políticos. O último a ser lançado neste
meio de inverno e início de campanha ao próximo pleito municipal é alinhamento.
Esse
substantivo masculino, outrora traduzia fileira, apuro, traçado do eixo,
engajamento, adesão.
Eu
faço associação de ideia de alinhamento com oficina mecânica verificando o eixo
das rodas do meu carro.
Em
política moderna alinhamento significa que o exercício do poder no Brasil só é
eficaz se o prefeito for do mesmo grupo do governador, e este do presidente da
República.
Este
alinhamento fará jorrar recursos federais para o governo do Estado e do
município.
Será
que esse cordão criado por marqueteiros, e repetido por governadores e
prefeitáveis, de fato funciona?
Mato
Grosso está alinhado com o governo federal. A presidente da República cortou
alguns milhões em recursos para alguns Estados. Um dos premiados foi o nosso.
Valeu ser alinhado ou desalinhado com uma boa bancada no Congresso para
negociar o preço do alinhamento?
A
justificativa foi a crise nos países do euro. O grupo alinhado agradece o corte
de recursos, pois é uma forma de ajudar o Brasil a vencer as dificuldades dos
países ricos.
Alexandre
Garcia relata que esteve no olho do furacão da crise europeia. Por lá não viu
nada e, nos jornais cuja imprensa é livre, leu algumas notícias relacionadas a
ajustes da moeda.
Com
relação ao Brasil, nenhuma notícia. A cassação do senador do Cachoeira não
mereceu nem notícia de rodapé dos jornais.
Parece
até que a crise existe no Brasil, o que não é verdade. Enfrentamos alguns
probleminhas próprios de países em desenvolvimento, como inflação, aumento da
taxa de desempregados e greves. Coisas normais, nada a preocupar.
Aqui
em Cuiabá, o meu bom Lúdio recebeu ordens para adotar, como bandeira de
campanha para ganhar as eleições municipais, a defesa do alinhamento. O
governador do Estado, seu mais forte aliado, já embarcou nessa, e só fala em
alinhamento, mesmo sofrendo cortes de recursos do governo federal.
Lúdio
é contra privatizações, e o governo federal só pensa em privatizar o que ainda
restou dos governos FHC e Lula. Agora a vez é dos aeroportos.
Lúdio
não gosta de ouvir falar em Organizações Sociais na Saúde. O governador do
Estado entregou a administração de todos os seus hospitais e alguns serviços de
saúde às OSS.
Nem
o ex-partidão da estrela está alinhado em Cuiabá. Está difícil alinhar o
desalinhado grupo na eleição de Cuiabá como estratégia de vitória.
No
momento, o meu bom Lúdio não tem discurso para a campanha. Alinhamento não é
plano de governo e nem as pedras de Cuiabá acreditam nessa novidade de se
conseguir recursos federais.
O
candidato já disse que é contra a privatização da Sanecap, que já foi vendida.
O seu partido, desde que assumiu o poder, só pensa em privatizar.
O
governo do Estado, que lhe ofereceu o seu vice, entregou toda a saúde pública
às Organizações Sociais (OSS).
Lúdio,
como a maioria dos médicos e trabalhadores de saúde, foi contra e lutou para
que esse crime não fosse cometido contra a população pobre.
O
pior é que os resultados estão aí e, o governo Estadual, que apoia o candidato
do PT, cometeu um tremendo equívoco enfrentando, inclusive, as recomendações do
Conselho Federal de Medicina contra a privatização da saúde pública pelas OSS.
Seria
estratégico para o candidato que tem luz própria perder a direção e sair da
loucura do alinhamento para procurar novos caminhos.
Com
certeza terá mais votos.
Gabriel
Novis Neves
17-07-2012
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