Uma
realidade pode ser interpretada pelos números. Quando isso acontece, e acontece
com muita frequência, imediatamente lembro-me da definição genial do economista
do Livramento - Roberto de Oliveira Campos: “Essa sua interpretação está igual
biquíni; mostra tudo e esconde o essencial.”
Todo
mundo no planeta Terra sabe que a nossa educação é uma das piores. Pois bem,
estou lendo uma matéria de uma jornalista de Brasília, dizendo que “as classes
C, D e E são maioria nas Universidades Federais.” E mais, “que esse perfil
desmistifica a ideia de que a maioria é de famílias ricas.”
Continuando
a verdade dolorosa: “mas, nas áreas mais concorridas, há poucos de baixa
renda.” Entenderam? Prosseguindo, “o percentual de alunos de baixa renda é
maior nas instituições de ensino das regiões Norte (69%) e Nordeste (52%) e
menor no Sul (33%).”
É
o que mostra a pesquisa da Associação dos Dirigentes das Instituições de Ensino
Superior (Andifes), sobre o perfil dos estudantes das universidades federais.
Para a Andifes, o resultado do estudo, que teve por base 22 mil alunos de
cursos presenciais, desmistifica a ideia de que a maioria dos estudantes das
federais é de família rica.
Os
dados mostram, entretanto, que o percentual de alunos das classes mais baixas
permaneceu estável em relação a outras pesquisas feitas pela entidade em 1997 e
2003. “Os reitores destacam que a inclusão dos estudantes das famílias mais
pobres não é a mesma em todos os cursos. Áreas mais concorridas como Medicina,
Direito e as Engenharias, ainda recebem poucos alunos com esse perfil.
Nas
universidades federais, os brancos são 53,9%, pretos 8,72%, 32% pardos e os
indígenas menos de 1%. O estudo mostra ainda os egressos de escolas públicas,
que representam 44,8% dos estudantes das universidades federais. Outro dado que
não pode ser desprezível, é que menos de 3% dos universitários leem jornais e
20% dizem que se informam pelos telejornais. A internet é a principal fonte de
informação dos universitários de instituições federais: 70%. Um quarto deles
participa de atividades culturais e mais de 60% nunca participou do movimento
estudantil.
Esse
é o perfil do estudante universitário das instituições federais. “Ficou claro
na pesquisa que, assim como existem no Brasil cidadãos de primeira e segunda
classe social, no ensino superior temos também os cursos de primeira classe
(Medicina, Direito e Engenharias), pouco acessíveis aos alunos pobres, e os
denominados cursos “de cuspe”, em que o professor discursa o tempo todo, tendo
como laboratórios, giz e lousa.”
O
número de vagas ociosas nos cursos de segunda classe é grande. A educação tem
como uma das suas finalidades, a melhoria da qualidade de vida dos seus
estudantes e da população por eles atendida, que esses cursos não oferecem.
No
início da nossa UFMT, os considerados cursos de segunda classe, que eram o de
formação de professores, funcionavam com 01 (um) a cinco alunos: Matemática,
Biologia, Física, Química, Letras.
Nessa
época, o vestibular era eliminatório, isto é, o aluno era reprovado. As vagas
ofertadas não eram preenchidas e ficavam ociosas. Hoje, ninguém é reprovado no
vestibular, apenas não se consegue uma boa classificação. Poderá ser preenchida
em caso de abandono ou falta de ajuda ao aluno para fazer o curso, mesmo em
universidade pública.
Infelizmente
o aluno pobre é minoria nos cursos nobres por falta de uma educação básica de
qualidade e condições sociais adversas para o enfrentamento com aqueles que
foram mais bem preparados.
A
educação no Brasil não é democrática. Os números estão postos. Meditem sobre o
futuro dessa nação, cada vez mais desigual e injusta com a sua juventude.
É
a minha interpretação.
Gabriel
Novis Neves
05-08-2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.