sábado, 7 de julho de 2012

Bancos


É difícil ser honesto em um país corrupto. Agora entendo o meu pai, que foi um grande comerciante na primeira metade do século vinte e, após cinquenta anos de atividades ininterruptas, fechou o seu estabelecimento comercial falido. Ele jamais acreditou em bancos e, mesmo movimentando grandes quantias de dinheiro, a sua casa bancária era a burra que mantinha nos fundos do Bar Moderno.
Cansei de fazer pagamentos de faturas no Banco do Brasil carregando grandes pacotes de moeda papel embrulhados em folha de jornal velho.
Achava-o retrógrado e ultrapassado com esse seu jeito de administrar, pois, na ocasião, eu conhecia o cheque.
Nunca vi papai com um talão de cheque. Tudo que fazia era com dinheiro vivo.
Certa ocasião, perguntei-lhe por que não modernizava a sua conduta com os bancos.
Laconicamente respondeu-me: “um dia você me entenderá”.
Esse dia chegou. Estou sendo vítima, vamos dizer assim, de um grande equívoco bancário. Em termos policiais é um verdadeiro assalto – o banco está me cobrando um empréstimo que não contraí, com juros de contraventor.
Aliás, os bancos hoje, de um modo geral, são instituições que vivem fortemente blindados pelos poderosos.
Os exemplos de assaltos promovidos por grande parte dessas instituições, estão aí para todo mundo ver.
Bancos falidos são comprados pelo governo que tem um órgão responsável pela saúde financeira dos mesmos. O negócio é realizado, apesar de todos saberem os motivos e o governo achar que ninguém percebe.
Na época que o Collor sequestrou a nossa poupança, o patriarca dos políticos brasileiros retirou todo o seu dinheiro do banco e avisou ao seleto grupo de coronéis que mandam nesta nação.
“Pura questão de intuição” - justificou o chefe da quadrilha.
Dizem que o crime organizado manipula grande percentual do PIB. Comparado com os juros, taxas, serviços, impostos etc. cobrados  pelos bancos, sempre blindados pelo poder público, isso não passa de uma ninharia.
Também pudera! São os banqueiros, com a sua imensa generosidade, que encabeçam a lista dos grandes doadores para as campanhas eleitorais, especialmente quando da mudança do comando maior desta nação.
O povo brasileiro está exausto de ser assaltado de todos os lados. Começa com o Leão, caixa dois para manter unida a base aliada, superfaturamento das obras públicas, desvio de ética em todos os poderes da República, e vai até o trombadinha da esquina.
Alguém tem que fiscalizar os bancos, onde extorquir é o seu objetivo.
O pior é que não temos a quem reclamar.
Pobre povo brasileiro! O país está se transformando em um barco do “se salva quem puder”.

Gabriel Novis Neves
17-05-2012

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