É
difícil ser honesto em um país corrupto. Agora entendo o meu pai, que foi um
grande comerciante na primeira metade do século vinte e, após cinquenta anos de
atividades ininterruptas, fechou o seu estabelecimento comercial falido. Ele
jamais acreditou em bancos e, mesmo movimentando grandes quantias de dinheiro,
a sua casa bancária era a burra que mantinha nos fundos do Bar Moderno.
Cansei
de fazer pagamentos de faturas no Banco do Brasil carregando grandes pacotes de
moeda papel embrulhados em folha de jornal velho.
Achava-o
retrógrado e ultrapassado com esse seu jeito de administrar, pois, na ocasião,
eu conhecia o cheque.
Nunca
vi papai com um talão de cheque. Tudo que fazia era com dinheiro vivo.
Certa
ocasião, perguntei-lhe por que não modernizava a sua conduta com os bancos.
Laconicamente
respondeu-me: “um dia você me entenderá”.
Esse
dia chegou. Estou sendo vítima, vamos dizer assim, de um grande equívoco
bancário. Em termos policiais é um verdadeiro assalto – o banco está me
cobrando um empréstimo que não contraí, com juros de contraventor.
Aliás,
os bancos hoje, de um modo geral, são instituições que vivem fortemente
blindados pelos poderosos.
Os
exemplos de assaltos promovidos por grande parte dessas
instituições, estão aí para todo mundo ver.
Bancos
falidos são comprados pelo governo que tem um órgão responsável pela saúde
financeira dos mesmos. O negócio é realizado, apesar de todos saberem os
motivos e o governo achar que ninguém percebe.
Na
época que o Collor sequestrou a nossa poupança, o patriarca dos políticos
brasileiros retirou todo o seu dinheiro do banco e avisou ao seleto grupo de
coronéis que mandam nesta nação.
“Pura
questão de intuição” - justificou o chefe da quadrilha.
Dizem
que o crime organizado manipula grande percentual do PIB. Comparado com os
juros, taxas, serviços, impostos etc. cobrados pelos bancos, sempre
blindados pelo poder público, isso não passa de uma ninharia.
Também
pudera! São os banqueiros, com a sua imensa generosidade, que encabeçam a lista
dos grandes doadores para as campanhas eleitorais, especialmente quando da
mudança do comando maior desta nação.
O
povo brasileiro está exausto de ser assaltado de todos os lados. Começa com o
Leão, caixa dois para manter unida a base aliada, superfaturamento das obras
públicas, desvio de ética em todos os poderes da República, e vai até o
trombadinha da esquina.
Alguém
tem que fiscalizar os bancos, onde extorquir é o seu objetivo.
O
pior é que não temos a quem reclamar.
Pobre
povo brasileiro! O país está se transformando em um barco do “se salva quem
puder”.
Gabriel
Novis Neves
17-05-2012
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