segunda-feira, 30 de julho de 2012

PLANO DE GOVERNO

Um amigo perguntou-me se tenho o hábito de ler os Planos de Governo que os partidos políticos elaboram durante o período eleitoral para debater com a sociedade.
Respondi que não, por dois motivos principais.
Primeiro: porque nem o próprio candidato lê e, se por acaso ganhar a eleição, não irá cumprir nada que ali está escrito, por ser pura fantasia sem nenhum compromisso com a realidade.
Segundo: são verdadeiros caixotes de folhas digitadas, cheias de gráficos e números feitos por empresas especializadas.
Não tenho a mínima motivação para tomar conhecimento da compilação dos textos utilizados nestes documentos fictícios.
Entretanto, acho um mimo para a decoração de bibliotecas caseiras, mesas, além de indispensáveis para serem folheados nos debates da televisão.
Alguns candidatos mais legalistas registram esses planos de governo em cartório, numa demonstração de compromisso com a palavra empenhada no documento.
Geralmente, o candidato que adota esse recurso, está no desespero, e procura criar um fato novo na esperança de melhorar a sua coleta de votos.
Não tenho implicância com esses Planos de Governo, que facilmente são encontrados no comércio especializado e vendidos de acordo com o número de habitantes do município.
O pagamento é antecipado, em moeda corrente para não ficar em restos a pagar, cujas contas são quitadas se o candidato for o vencedor do pleito.
Algumas recordações sobre planos não cumpridos seria importante para reavivar a memória do eleitor.
Até a chegada do PT ao poder, os banqueiros internacionais eram pintados como demônios responsáveis por todos os males da humanidade.
Assim que o Lula ganhou a eleição para a Presidência do Brasil, o seu primeiro ato foi implorar para um banqueiro internacional, deputado federal tucano, que assumisse o Banco Central do Brasil por oito anos, com poderes ilimitados.
O candidato eleito governador de Mato Grosso em 2002 jurou por São Benedito que educação e saúde seriam secretarias técnicas e blindadas por ele. Foi só assumir o governo que adotou a política dos velhos coronéis de loteamento do poder.
O candidato vitorioso nas últimas eleições para a prefeitura de Cuiabá jurou no Conselho Regional de Medicina que o seu secretário de saúde seria um médico, e iria cumprir integralmente o seu período de quatro anos de governo.
Nem uma coisa nem outra foram feitas.
Há pouco tempo escrevi um artigo sobre a inutilidade das Audiências Públicas. Reúne-se um enorme grupo de pessoas, todos falam durante horas sobre o assunto da pauta e, ao encerrar a reunião, está esquecido tudo que foi dito.
Geralmente a solução para os problemas exigem recursos financeiros e essa atribuição é do executivo.
Poderia citar uma série de inutilidades, mas Planos de Governo e Audiências Públicas são amostras atuais e bastante significativas para o momento.
Plano de governo é como dizia o meu avô: “Só serve para inglês ver”.

Gabriel Novis Neves
20-07-2012

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