Conheci
um trabalhador de salário mínimo com menos de cinquenta anos de idade. Era
casado e possuía filhos com uma moça que vi crescer. Há um ano apresentou um
câncer de pulmão e faleceu na fila do SUS enquanto esperava por providências.
As
consultas marcadas e desmarcadas, os exames demorados e os retornos espaçados
abreviaram, em muito, a sua permanência entre nós.
Seus
companheiros de infortúnio tratados em clínica privada não estão curados, mas
ainda nos fazem companhia e levam uma vida sem restrições.
Após
o seu óbito a pobre família procurou a Defensoria Pública para o necessário
inventário.
Uma
série de certidões foi solicitada à viúva.
Ao
chegar à Secretaria de Fazenda, para surpresa da viúva e dos parentes,
descobriu-se que o falecido era proprietário de uma grande área rural em um dos
municípios mais ricos do noroeste do Estado.
O
município é novo, fica à beira de rodovia federal (174), suas terras são
agricultáveis e sua riqueza maior é a criação de bovinos.
O
pobre trabalhador morreu quase à míngua, sem saber que era milionário.
Será
que o governo do Estado identificará quem é o criminoso proprietário dessas
terras?
Fica
a indagação a quem de direito.
A
família do trabalhador necessita de resposta urgente para que possa concluir o
inventário e se habilitar a receber uma mísera pensão do INNS.
Enquanto
isso, há três anos não se faz transplante renal no Estado, e a fila já tem 688
pacientes esperando por uma oportunidade de viver.
O
Hospital São Matheus deixou de atender os pacientes do plano de saúde do Estado
- o MTSaúde - por falta de pagamento aos seus médicos.
Os
jornais anunciam que cumprir lei no Brasil é para otários.
Os
ministros do Supremo Tribunal Federal não cumprem a lei do teto constitucional
que regula o salário do funcionalismo público, os quais recebem acima do dito
teto.
O
pior é o efeito cascata que isso causa nos tribunais Estaduais da Justiça, onde
o salário de um desembargador poderá chegar até a mais de cem mil reais, como
no Rio de Janeiro.
Nessa
cascatinha são beneficiados juízes e promotores.
E
a viúva pobre milionária, vai ser julgada?
Estamos
na contramão.
Gabriel Novis Neves
21-07-2012
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