Sou
amigo do Mauro Mendes e fui seu eleitor para governador do Estado. Acredito que
ele está preparado para administrar Cuiabá - empreitada bastante difícil.
As
pesquisas, no momento, lhe dão o 1º lugar e a possibilidade de vencer a eleição
no primeiro turno.
Entretanto,
Mauro Mendes começou mal o seu trabalho de visitas. Foi muito infeliz na sua
declaração à imprensa após uma visita a um hospital privado de Cuiabá, quando
se referiu à qualidade dos atendimentos.
Disse
ele: “Seguramente, o fator gestão é o grande causador da péssima qualidade dos
serviços oferecidos nas instituições. Se melhorarmos muito a gestão, vamos
melhorar muito o resultado e a qualidade da saúde em Cuiabá”.
Entenderam?
A proposta do candidato é colocar um grande gestor na saúde, como se isso, e
somente isso, fosse resolver todos os problemas da nossa combalida saúde
pública.
Basta
enumerar alguns aspectos para percebermos o caos instalado: salários indignos
dos trabalhadores da saúde; número insuficiente desses profissionais para
atender, e bem, a demanda de serviços; espaços físicos inadequados, pois os que
estão aí, não estão dentro da filosofia da hierarquização do SUS - que começa
com a atenção básica nas unidades do Programa Saúde da Família, equipado para
terminalidade naquela fase e equipes com perfis técnicos para esse tipo de
atendimento.
Continuando,
ainda podemos citar: as UPAS (Unidades de Pronto Atendimento e Social) de
número insuficiente e, ainda não funcionando. Policlínicas em pontos
estratégicos da cidade, que deveriam ser equipadas e funcionando bem para
desafogar o Pronto Socorro.
Serviços
outros, como Pronto Socorro para os usuários dependentes químicos e moradores
de rua, que exige espaço físico e pessoal treinado (existente em Cuiabá, mas
que a prefeitura não contrata por falta de recursos), simplesmente não
funciona.
Finalmente,
o novo hospital a construir, pois temos um que precisa de uma enorme plástica
para ser reconhecido como hospital.
Tudo
isto não se faz com discursos, e sim, com recursos.
Caro
candidato, se o problema fosse gestão, Mato Grosso seria modelo para o mundo.
A
Secretaria Estadual de Saúde, em oito anos, contou com a administração
de médicos por apenas dez meses. Para se ter uma ideia da situação, o
último secretário médico ficou no cargo, contando o dia da posse e os sábados e
domingos, somente vinte e três dias.
O
resto do governo da gestão foi comandado por um executivo de uma das empresas
do agronegócio.
Esse
período ficou marcado na história da saúde pública como o que fechou o maior
número de hospitais do Estado.
Cuiabá
perdeu 1000 leitos hospitalares e muitos serviços de ponta foram fechados no
período da ‘boa gestão’.
O
município de Cuiabá, nos últimos dez anos, teve mais de dez secretários de
saúde. Atualmente é um leigo, amigo do prefeito.
Meu
caro candidato, esse discurso de má gestão para os males da saúde pública é
velho, repetido e não desperta nenhum sentimento de esperança de melhoria do
serviço no eleitor, pelo contrário.
O
próprio ex-presidente da República, que um dia afirmou que o SUS estava à beira
da perfeição, já reconheceu o seu erro e pediu perdão ao povo brasileiro.
Após
alguns meses de tratamento de uma séria doença em hospital privado em São
Paulo, na sua primeira entrevista à imprensa disse: “Estou curado porque tive
oportunidade de me tratar em um hospital particular. O problema da saúde
pública no Brasil é a falta de dinheiro para a saúde”.
Reformule
senhor candidato, o seu discurso para tratar dos assuntos para a saúde.
Converse com o PR, que fez uma gestão ‘exemplar’ durante oito anos no Estado -
e o resultado foi o maior sucateamento dos serviços da saúde nunca visto por
estas bandas.
É
importante lembrar o quase desaparecimento do Centro de Reabilitação Dom Aquino
Correa, que atendia aos pobres.
Ouça
a voz da experiência. Procure em São Paulo o doutor Adib Jatene que, por muitos
anos, foi gestor do INCOR quando este era o hospital dos presidentes,
ministros, senadores, governadores e milionários.
Talvez
o renomado médico do coração lhe convença a procurar recursos extras para a
saúde. Não repita o fedorento e preguiçoso discurso dos seus antecessores.
Gabriel
Novis Neves
15-07-2012
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