Li
no blog do Ronaldo Nezo que em Maringá (PR), está proibido morrer. Embora
ninguém queira morrer, não tem jeito, a morte nos espera.
Acontece
que nessa cidade do Paraná, a coisa está complicada, e morrer lá pode sair
muito caro.
O
motivo é simples. Faltam jazigos. O cemitério municipal não tem sepulturas e o
privado aumentou o preço.
Isso
gerou, na rica Maringá, uma espécie de especulação imobiliária, segundo o autor
da matéria. O terreno no cemitério nunca esteve tão valorizado.
Tem
gente removendo os restos mortais de parentes para vender jazigo.
Citei
o nome da cidade e do autor do texto, pois poderia correr o risco de todos
pensarem que eu estava escrevendo sobre o problema que se arrasta há anos em
nossa capital.
Receberia
apoio de inúmeras famílias que me telefonam para abordar esse tema.
Lá
no Paraná, o problema se restringe à especulação imobiliária dos jazigos.
Aqui,
além dessa questão, que é idêntica, temos os assaltos aos visitantes e o roubo
dos túmulos, onde nenhuma providência é tomada pelos órgãos competentes, que na
verdade são muito incompetentes.
A
minha filha, escrava do planejamento, em surdina, comprou um jazigo (terreno)
no início da avenida central do principal cemitério municipal de Cuiabá.
Segundo
ela, a localização é privilegiada. Fica próxima ao portão principal da Casa do
Descanso Eterno.
Concluída
as obras, contou-me sobre o seu investimento. Disse-lhe que, da aquisição do
jazido para cá, a valorização foi enorme e saiu baratíssima a obra, onde toda a
família ficará reunida até a ressurreição do corpo
e alma.
Se
fosse vender hoje, daria para comprar um apartamento de cobertura em bairro
valorizado, sem dengue nem esgoto correndo a céu aberto.
Convidou-me
a visitar minha última morada.
Pela
ordem natural da biologia, a estreia ficaria comigo, ocasião onde seria trazido
o corpo da minha mulher, provisoriamente morando na casa da minha mãe.
Recusei
o convite para a visita, mesmo sabendo que as instalações ficaram maravilhosas.
Nunca
me preocupei com o depois, quando desaparece a esperança.
A
minha alma entrego a Deus.
O
meu corpo é problema de saúde pública.
Não
quero mais me preocupar com essas coisas mundanas de atestado de óbito,
cartório, contrato com empresas funerárias e a escolha do seu imenso cardápio
de opções de espera. Flores importadas e regionais, música ao vivo, salgadinhos
e até discursos.
De
acordo com a religião, será chamado o pastor predileto.
O
meu corpo ficaria bem melhor em um laboratório de medicina do que guardado em
um caixote de concreto - valorizado pela especulação imobiliária.
Em
Cuiabá, há tempos, está proibido enterrar.
Gabriel
Novis Neves
04-03-2012
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