Aos
poucos o atual governador está colocando as suas manguinhas de fora e mostrando
ao nosso povo como recebeu o Estado do seu antecessor.
Tornou-se
governador sem votos, pois era vice do anterior, que saiu antes de completar o
seu mandato para se eleger senador.
Como
governador biônico, fingiu-se de morto, e entrou no chapão que venceu
as últimas eleições majoritárias.
Durante
a transição ignorou todos os sérios problemas deixados pelo seu antecessor.
Seus planos deram certo graças a sua imensa habilidade no trato com as pessoas.
Deve
ter se lembrado da velha lição caseira: “em boca fechada não entra mosca”.
No
seu primeiro ano de governo eleito pelo voto tomou pé da verdadeira situação do
Estado e viu o presente de grego que o seu antecessor tinha lhe deixado.
Um
Estado quase totalmente falido, sem poder de endividamento, com a sua
arrecadação comprometida com pagamento de dívidas e juros e, para completar,
investimentos altíssimos para a Copa 2014.
A
área social totalmente sucateada e a malha viária insuficiente às nossas
necessidades.
Além
desses problemas, estouraram escândalos em várias secretarias contra o
patrimônio público.
Acompanhando
o trabalho do atual governador, notamos que ele é exímio em desativar artefatos
explosivos.
Com
a situação dominada, ele começou a liberar, a conta gotas, a nossa realidade:
anulou promoções indevidas de última hora acalmando o quartel; atuou firme na
secretaria de Fazenda, em cima da Conta Única; acabou com a farra da AGECOPA,
desfazendo a herança recebida e tentando ressarcir aos cofres públicos algumas
extravagâncias da finada superagência, como o caso da compra dos jipes russos.
Aos
pouquinhos descartou os secretários do governo anterior.
Tem
no seu colo a explosiva compra dos maquinários, cujo percentual perdido é
calculado, pelos nossos políticos, em 20%.
Conseguiu
algumas promessas de ajuda do governo federal para rolar as nossas dívidas e
está atrás dos bancos privados tentando novos empréstimos ou vendendo a nossa
monstruosa dívida.
Isto
não significa, absolutamente, que o Estado está redondinho, como diziam antes,
mas sim, que ele está quebradinho com o caixa do tesouro zerado.
Ouço
falar em tantos empréstimos bancários sendo negociados, que fico preocupado com
o nosso futuro.
As
instituições bancárias não são casas filantrópicas. A alma do banco é o lucro,
e o nosso governo está vendendo a sua alma para satisfazer a vaidade de alguns
que sentem as necessidades do povo com os olhos.
A
herança maldita herdada pelo atual governador é riquíssima em
desperdícios.
O
Estado não possui um Hospital de Clínicas, no entanto, investe mais de um
bilhão de reais em um projeto de campo de futebol para a realização de dois ou
três jogos e que depois ficará subaproveitado – com o agravante de que, para a
sua manutenção mensal, serão necessários algo em torno de cem mil reais.
Todo
trabalho sério tem um expectativa longa de vida. Até hoje alguns governadores
são lembrados pelos trabalhos que realizaram.
Quando
ex-governadores são citados por aquilo que não fizeram, ou pior, por aquilo que
fizeram de errado, a biografia fica maculada.
Quando
no poder, os marqueteiros fotografam seus ocupantes com lentes de photoshop, que
não resistem à primeira chuva da manga.
A
população do Estado começou a entender o que aconteceu por aqui nesses últimos
dez anos.
São
sofrimentos que devem ser esvaziados do nosso inconsciente.
O
pior é que já existe um grupo de políticos endinheirados cuja única identidade
é chegar ao poder pelo dinheiro, acertando sua permanência no comando do Estado
com a clássica dança das cadeiras.
Nesses
projetos as manguinhas são recolhidas e todos são amigos.
Millôr
Fernandes tinha razão ao definir “o poder como um camaleão ao contrário: todos
tomam sua cor”.
Gabriel Novis Neves
14-07-2012
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