quinta-feira, 30 de agosto de 2012

COERÊNCIA


O que mata a crença do brasileiro em dias melhores prometidos pelos políticos, é a velha história do “um peso, duas medidas.”
O brasileiro se transformou em um cético em relação aos programas e compromissos sociais anunciados pelos nossos governantes.
A presidente, durante nove anos, foi do primeiro time do governo anterior. Chegou a ser chamada, pelo técnico da época, da mãe que sabia de tudo e controlava, com uma equipe fantástica, os principais projetos do governo federal.
Dias atrás, como técnica do time do governo, foi visitar uma das prioridades do governo passado: a transposição das águas do Rio São Francisco.
Muitas informações foram escondidas da Mãe do PAC - de saudosa memória para nós cuiabanos – mas, o que ela viu foi o suficiente para a sua profunda irritação, sem motivos para mim.
Afinal, não era ela a responsável pela fiscalização dessas obras? Não posso admitir que estejam querendo desconstruir a imagem da eficiente gerentona deste país.
Cobrou empenho, providências, atitudes e resultados de todo mundo. Mas, e ela? O que fez durante esses últimos anos que não viu que a obra estava na UTI?
Se a presidente visitar todas as obras que constam no seu currículo como realizadas, ficará desanimada. Não aconselho, por exemplo, visitar em Cuiabá as obras sob o seu comando - o PAC I e PAC II.
No ano passado, os bombeiros do Rio de Janeiro invadiram o prédio do Comando Central da corporação, e lá permaneceram amotinados até o final da greve geral por melhores salários.
Um jovem senador carioca, do partido da presidente, apresentou no Congresso Nacional um projeto de lei concedendo anistia, ampla, geral e irrestrita a todos os revoltosos. A presidente sancionou a lei no dia 11/10/2011.
Os soldados da polícia militar da Bahia, depois de esgotados todos os meios legais de negociação, entraram em greve geral, e foram se proteger da repressão na Casa das Leis do Estado.
Atendendo pedido do governador da Bahia, que há tempos apoiara uma greve idêntica, desembarca em Salvador, soldados da Força Nacional, Comando Militar da Região e Serviço de Inteligência para acabar com a greve por melhores salários.
Nesse período, o governador visitava a democrática República Socialista de Cuba, fazendo parte da comitiva presidencial.
Existe no Congresso Nacional, emperrada, uma proposta de Emenda Constitucional, cujo autor é um deputado paulista, propondo a unificação da remuneração das polícias militares de todo o Brasil.
A carreira inicial de um soldado da polícia militar em Brasília é algo superior a quatro mil reais.
O Estado que pior remunera os seus policiais é o Rio Grande do Sul, governado por um ex-ministro da Justiça do Partido dos Trabalhadores, e que conhece muito bem essa situação.
Interessante nessa história, é que o governo federal é quem paga os salários dos policiais de Brasília, portanto, acha justo esse valor - que as outras polícias reinvidicam isonomia.
A presidente é contra a anistia proposta para acabar com a greve dos soldados da Bahia.
No mesmo dia em que a presidente se manifestava contra a anistia, ela empossava uma ministra que, assim como ela - e grande número dos ministros do Brasil - foram beneficiados, em cascata, com a anistia dada pelos militares.
Enquanto prevalecer a justiça do “um peso e duas medidas”, fica tudo como está neste país onde, em se plantando, tudo dá.

Gabriel Novis Neves       
11-08-2012

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