quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Declaração de bens


Estas eleições municipais estão insuperáveis no quesito enredo.
Primeiro foi o mistério dos candidatos se declararem candidatos.
Os acertos, não muito secretos, visando a permanência desse grupo no poder, foi outro assunto importante.
Esse conchavo, quando descoberto, deu origem ao célebre pronunciamento do senador Pedro Taques que passará para a história: “Estão me apunhalando pelas costas. Sinto o peso da traição”.
Havia um mistério com relação ao nome dos futuros candidatos à prefeitura da maior cidade de Mato Grosso.
Balões de ensaio foram lançados nesse período. Muitos pegaram fogo na largada.
Somente na semana das convenções alguns assumiram suas candidaturas, sem o anúncio dos seus vices.
Tivemos a mais emocionante escolha de vices candidatos à prefeitura de Cuiabá.
Candidatos que dormiram candidatos a prefeito acordaram cabo eleitoral.
Candidato a vice com apoio do chefe do partido, é passado para trás por um candidato que trabalhou em surdina.
Candidato a prefeito com vice a sair da convenção, recebe um reforço de graça do maior partido do Brasil - oferecendo-lhe minutos preciosos do tempo de televisão.
Vice foi substituído na última hora, continuando a chapa familiar.
E teve até candidato que foi para a convenção sem vice.
Não contando com a chapa surpresa, e completa, de um partido novo.
Pela composição das chapas majoritárias, é fácil distinguir a falta de um mínimo de identificação em qualquer área, seja ideológica ou religiosa.
Pelo menos ficou claro que, seja qual for o eleito, ele cumprirá os quatro anos de mandato.
Teremos vices ornamentais e ociosos. Quanto mais ornamentais mais prestigiados pelo chefe.
Na chapa de vereadores a indisciplina ideológica é gritante.
Vejo uma campanha em que o candidato lutará para conseguir o seu votinho, e muito obrigado.
É um perigo, no momento atual, seduzir um eleitor pedindo dois votos.
É preferível um pássaro na mão que dois voando, dizem os candidatos a vereador.
As eleições costumam ser decididas pelas imagens de televisão. É a TV que ganhará este pleito.
Com a exigência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de que os candidatos devem apresentar uma declaração de bens e publicar os mesmos, o resultado das eleições de Cuiabá já foi alterado.
Todo mundo sabe que ser vereador é uma forma de enriquecimento. Isso foi amplamente divulgado pela mídia.
Mas o grande assunto nas ruas, becos, botequins e até nas lojas sofisticadas, como a Daslu, não é sobre a fortuna do candidato favorito nas pesquisas, e sim, sobre a quase miséria de um excelente candidato, com fortuna três vezes inferior ao seu vice.
Os Fuxiqueiros pensam até em criar uma Comissão de Alto Nível para investigar esse tenebroso empobrecimento de um dos nossos bons candidatos.
Pegou mal diante do eleitorado cuiabano essa declaração de bens do candidato deputado sobre o seu patrimônio.
Aqui no Brasil, ainda existe esse péssimo hábito de se esconder o resultado de um eficiente e honesto trabalho, que são os seus bens.
Não é crime dizer que trabalhou e ganhou um bom dinheiro e está pagando impostos.
Cultuamos o fracasso, muitas vezes enganoso.
Crime é engolir vagabundos que nunca trabalharam e são bilionários.
Esses marqueteiros inventam cada uma!
No caso deste candidato, levou-o cedo para a cova dos derrotados. Terá que passar o tempo todo da campanha eleitoral explicando como foi que ele perdeu seu patrimônio.
É a primeira vez na história política desta cidade, que um candidato poderá perder uma eleição por se declarar pobre, e não se fazer acreditar.

Gabriel Novis Neves 
11-07-2012 

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