Tenho
a impressão de que vivemos um momento de inquietação social semelhante ao do
início dos anos sessenta.
É
difícil saber o órgão público federal que não está em greve.
O
pior desta supergreve é que quem está não quer sair e quem não entrou ainda
está entrando.
Professores
universitários há três meses fecharam as universidades e estão acampados
em Brasília sem diálogo com o governo.
Servidores
da saúde, da polícia federal, da agricultura e outros que não irei citar para
não perder o espaço no meu artigo, mantêm os braços cruzados.
O
governo federal, acreditando nas pesquisas pagas por quem de direito para
agradar o governo, faz de conta que não está nem aí.
Os
funcionários públicos federais nunca foram tão humilhados como agora.
A
mesma bravura o governo dos ‘mais fortes’ não demonstra frente ao que acontece
no legislativo, no judiciário e no tribunal de contas.
O
abastecimento dos constrangedores salários no país que deseja exterminar a
miséria sai do mesmo pacote.
O
executivo conhece o comprimento do seu rabo e sabe com quem pode mexer. Não
convêm contrariar os fazedores de leis (lembremos-nos do Collor), tampouco
aqueles que julgam usando togas.
É
da tradição humana bater nos mais fracos.
Enquanto
servidores públicos estão sendo humilhados e acampados em Brasília, o Brasil
assiste estupefato, através da televisão, ao cínico espetáculo encenado nas
terras de Cabral.
No
Supremo Tribunal Federal sete ministros da corte máxima da justiça brasileira,
ouvem em silêncio os melhores, mais famosos e mais bem remunerados advogados
deste país.
Tentam
provar que tudo o que vimos - malas de dinheiro, dólares presos na cueca, no
bolso, em contas bancárias, paraísos fiscais, saques em bancos, enriquecimento
do dia para a noite -, simplesmente inexistiram.
Esse
dinheirão saiu dos cofres públicos, diz o senhor Procurador Geral da República,
que pediu a condenação de todos os envolvidos no processo e sua posterior
prisão.
Os
maiores Institutos de Pesquisas do Brasil ouviram o povo sobre essa
roubalheira.
Quase
a unanimidade dos entrevistados respondeu que essa dinheirama que correu para
as mãos de alguns existiu, mas não acreditam em condenação.
No
momento em que a Procuradoria Geral da República inocentou e tirou do processo
o chefe da quadrilha, foi para o lixo a credibilidade do julgamento.
Os
bem remunerados advogados dos réus ficaram à vontade para teatralizar o
julgamento da ‘mula sem cabeça’.
Só
no Brasil que um crime dessa dimensão não tem chefe reconhecido no processo.
Os
servidores públicos em greve conhecem muito bem a história desse sequestro de
recursos dos cofres públicos e, que agora, fazem falta para atendê-los nas suas
mínimas e legais reinvidicações.
A
greve continua e o governo da ditadura do mensalão ameaça cortar o salário dos
servidores para por fim ao movimento paredista.
Tenho
uma preocupação com a autoestima desses servidores e com o desenvolvimento do
Brasil.
O
que passou não volta mais, embora receie por uma regressão aos anos sessenta.
Este
filme eu já vi. É puro terror.
Gabriel Novis Neves
16-08-2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.