domingo, 19 de agosto de 2012

UM, DOIS, TRÊS


São os comandos que recebi durante o tratamento do meu joelho. Os fisioterapeutas, em casos graves, nos seus primeiros exercícios de recuperação, usam muito o um, dois, três, bem levinhos para não forçar a musculatura lesionada.
Assim foi na Reposição Postural Gradual (RPG), para corrigir a minha coluna, e no exercício de Pillates.
Tudo tão tênue que, para um lesionado, aqueles exercícios parecem ineficientes.
Foram tantos dias escutando o um, dois, três que desenvolvi um reflexo condicionado: quando ouço os meus vizinhos do antigo 16º BC correrem ao som da potente voz de comando do um, dois, três, automaticamente faço a extensão da perna direita.
O pior é que prendo a respiração após abaixar o tórax, estufo a barriga e prendo o ar por três segundos.
Precisei lesionar o meu casco para entender a força do um, dois, três na minha recuperação.
Nunca poderia imaginar que movimentos tão delicados e simples fossem capazes de soltar músculos tão fortes e agregados pelo tempo.
A fisioterapia parece com as coisas boas da vida, onde tudo é tão simples e os resultados tão bons.
Não procuro extravagâncias para ser feliz.
Tenho o nascer do dia, o canto dos pássaros, a noite misteriosa, o silêncio, as estrelas do céu, o barulho distante das ruas, os animais noturnos procurando namorar, o surgimento do novo dia.
Temos que valorizar aquilo que a natureza nos oferece e não a reconhecemos como prêmio.
Bendito será o dia, em que o um, dois, três não serão apenas números iniciais da aritmética.
Funcionarão como marcadores da nossa recuperação e bem estar, físico e mental.

Gabriel Novis Neves
01-08-2012

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