quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ADVERTÊNCIA


O Diretor de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina, João Sobreira Moura Neto, publicou recentemente um artigo intitulado: “Onde vão parar os alunos de medicina?”.
Pela importância do tema julguei oportuna uma reflexão no Estado que acabou de criar três escolas de medicina em cidades pólos, como Sinop e Rondonópolis (Federal) e Cáceres (Estadual), para imediato funcionamento.
É sempre bom recordar que há mais de dois meses as universidades públicas estão paralisadas e seus professores acampados em Brasília.
Reivindicam melhores salários e condições de trabalho, entre outras medidas.
E, mesmo diante desse quadro de dificuldades financeiras e de recursos humanos, o MEC não para de criar novos cursos de medicina.
A preferência para a instalação desses novos cursos, por pura coincidência, é em cidades ou pólos no sul e sudeste, onde já se concentram 72% dos médicos brasileiros.
Não tem fundamento a justificativa oficial, que argumenta que seriam necessárias mais escolas de medicina “porque há cidades e regiões que não contam com esses profissionais.”
Mentira da grossa. Dificilmente médicos formados nessas escolas particulares irão trabalhar em uma cidade ou região carente de médicos.
Eles engrossarão um sistema saturado de médicos nas instituições de melhores qualidades.
Poucos conseguirão vagas em programas de residência médica. Também não irão atender a periferia das cidades onde estudaram, por conhecerem as condições oferecidas ao atendimento humanizado.
Os médicos dessa nova leva de faculdades de medicina políticas farão aquilo que os seus antigos colegas fizeram.
Darão muitos plantões em vários locais para somar uma remuneração muito aquém para cobrir, em médio prazo, as mensalidades pagas às faculdades onde graduaram.
Terão que ter muitos empregos, impossibilitando-os de praticar uma boa medicina. Nunca encontrarão tempo para estudar e, precocemente, serão condenados a serem médicos jovens desatualizados, fora do exigente mercado de trabalho do conhecimento.
E o Ministério da Educação quer criar mais cursos de medicina em cidades pólos do interior para tentar recuperar o capital político perdido pelo partido do governo nas grandes cidades brasileiras.
Atualmente o Brasil possui 196 escolas médicas, ofertando 16.892 vagas.
O sistema público (federal, estadual e municipal), tem 82 cursos médicos.
A iniciativa privada mantém 114 escolas médicas.
Em 1960, existiam no Brasil 23 escolas de qualificação indiscutível.
A expansão desenfreada iniciou no período de 1967 e perdura até os nossos dias (Governo Dilma).
O ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, foi convidado para presidir uma comissão de especialistas para avaliar essas escolas.
Após vários meses de visitas técnicas, pareceres, estabelecimentos de critérios para criação de novos cursos e melhoria de um número de existentes, desistiu.
A politicagem é muito forte nessa área e o nosso maior cirurgião de coração jogou a toalha, abandonando o trabalho de testa de ferro de oportunistas políticos.
A sociedade necessita cobrar respostas do governo para a área da saúde pública.
Nosso problema há anos não é a falta de médicos, e sim, a de políticas públicas de fixação do médico no interior.
O governo não tem o mínimo interesse em resolver essa situação, que martiriza o trabalhador brasileiro que produz riquezas a esta nação.
Falta decisão política, que é ação do governo.
Por falar em novos cursos médicos aqui em Mato Grosso, após o ato solene de criação dos mesmos, notícias que temos é que a Universidade Federal, que ficaria responsável pela implantação das escolas de Sinop e Rondonópolis, está fechada há mais de dois meses.
A de Cáceres é estadual e, pelo que sei a prioridade do governo do Estado, para o ano que vem, é a implantação do VLT entre o Aeroporto e CPA. 
Sociedade organizada, a advertência sobre novos cursos médicos é muito séria.
O momento de cobrança é este - até outubro.

Gabriel Novis Neves
26-07-2012

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