Fui
procurado por um jornalista para conversarmos sobre os dois assuntos do
momento: o Enem e as cotas nas universidades.
A
grande mídia não tem tido espaço para uma ampla discussão sobre nossos mais
sérios problemas educacionais, devido à agenda cada vez mais cheia de
escândalos públicos.
Dizem
os entendidos que a cada semana um ministro será 'homenageado' pela VEJA.
Como
são quase quarenta ministros, temos uma novela de boa duração.
O favorito para uma explicação sobre o que se passa com a educação brasileira,
com o ensino superior em greve há mais de noventa dias, o Enem, as
cotas e a péssima qualidade da nossa educação pública, é o novo Ministro da
Educação.
Com
relação ao Enem existe um fator que a nossa cultura popular tem a solução
ideal: “Numa casa de caboclo, um é pouco, dois é bom e três é demais.”
Anular
três provas sucessivas do Enem é demais! Novos rumos precisam ser tomados. Em
um país onde os resultados das eleições para presidente da República são
conhecidos após quatro horas do início da apuração, é inaceitável a anulação
nacional ou regional, de uma simples prova do Enem.
Não
há motivos justificáveis para esse procedimento extremo, a não ser por
desconfiança de corrupção. Quando esse mal contamina a educação, o prognóstico
de uma sociedade mais justa com oportunidades para todos, fica distante da
esperança da nossa gente.
Um
bom ensino fundamental e médio, com avaliação feita pela própria escola,
automaticamente acabaria com o vestibular ou Enem.
Na
universidade, os alunos que não atingissem as metas do conhecimento, seriam
eliminados do sistema, e aproveitados, com dignidade, no mercado de trabalho
não universitário.
O
trajeto educacional seria a educação infantil, ensino fundamental, médio e o
ingresso na universidade. Esse modelo um dia já funcionou no Brasil, e foi
abandonado por falta de investimentos na educação.
Como
consequência, temos professores com excesso de carga horária, desmotivados e
com pouca ou nenhuma oportunidade de atualização.
Escolas
com espaço físico inadequado ao ensino, onde faltam laboratórios,
bibliotecas, museus, auditórios, quadras poliesportivas e locais para
atividades de recuperação de aprendizagem.
Como
o governo não investe em educação básica e continua priorizando a criação de
faculdades de medicina, direito e engenharia, inventaram essas avaliações tipo
Enem para acesso na universidade, que é um lugar proibitivo para a maioria dos
jovens brasileiros.
E
a qualidade do nosso ensino, em todos os níveis, cada vez piora. É uma vergonha
a colocação do Brasil no ranking mundial, e o governo na maior cara de pau
apresenta números e mais números para esconder o que todos vemos e sentimos.
As
cotas nas universidades é o resultado dessa desastrosa política educacional. Se
o governo colocar o ensino básico como prioridade nacional e conceder cotas de
bolsas, para capacitação dos seus professores, a educação brasileira passa a
ser competitiva e podemos até em pensar em um Prêmio Nobel.
O
lamentável é o governo fazer tanta marola e enganação, tentando resolver esse
sério problema pelo ápice da pirâmide educacional.
Simplicidade
e modéstia, gestores oficiais do século XXI! O mundo tem bons exemplos
para corrigir essa doença: - Aluno em tempo integral no ensino básico,
com escolas dignas e professores qualificados e bem remunerados.
Não
percamos tempo discutindo o ingresso dos alunos na universidade, enveredando
pelo caminho da discussão política e esquecendo-se do seu futuro, que hoje
desembocam em vistosos diplomas e festas para comemorar o título de analfabetos
funcionais.
Diz
o ditado popular que o início começa pelo início. Assim é a educação. A boa
educação inicia-se pelo início do processo, que é a educação infantil - e
oportunidade de estudar para todas as crianças.
Quando
a lei não é cumprida, enfrentamos o Enem e cotas, para entrarmos no sistema
universitário público, que só abriga 30% dos nossos universitários.
Gabriel Novis Neves
12-08-2012
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