Conscientemente
cheguei a um momento da minha vida que sei que possuo mais passado que futuro.
Esta
frase poderá incomodar muita gente, principalmente da minha faixa etária. Pode
passar a falsa impressão de que estou pessimista ou em depressão.
A
aceitação da longa caminhada do tempo da vida não significa o meu passaporte
para a melhor idade. Nada a ver.
É
uma fase de liberação de todas as “inas” – endorfinas, serotoninas -, acopladas
com mais tranquilidade e tempo para analisar de ângulos diferentes os
acontecimentos do nosso cotidiano.
Passei
a anotar, para não esquecer, pequenos detalhes que só o tempo nos permite
chegar a esses momentos.
Todas
as maravilhas que encontro neste tempo, que é bem menor do que o meu passado,
está relacionado ao comportamento humano e aos seus sofrimentos.
Nada
material me seduz ou me causa deslumbramento.
As
interpretações humanas, o instinto destruidor da espécie a que pertencemos, as
fantasias inúteis de enredo fora da moda e o generoso instrumento que é o nosso
cérebro.
Tenho
pavor quando ouço alguém dizer que o tempo está passando rapidamente.
Sei
que o tempo da vida é um só. Sem atrasos ou avanços. E o tempo correndo
significa que a nossa vida caiu na armadilha da rotina. Esta passa rapidamente.
Geralmente
os idosos dizem que não têm tempo para nada, pois vivem uma rotina sem
perspectivas de mudanças.
O
tempo custa a passar para as crianças que, vinte e quatro horas por dia, estão
cuidando da sua criatividade lúdica. Criança não vive a rotina, nem sabe o que
é.
O
adulto e, principalmente o idoso, só esquece a rotina quando encontra um grande
amor, dizem os poetas.
O amor
é imprevisível, e quando termina essa imprevisibilidade, vira rotina.
A
rotina é insalubre em qualquer fase da nossa vida, mais sentida naqueles que já
ultrapassaram o meio dia da vida.
Gabriel Novis Neves
09-08-2012
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