sábado, 18 de agosto de 2012

Passado maior que o futuro


Conscientemente cheguei a um momento da minha vida que sei que possuo mais passado que futuro.
Esta frase poderá incomodar muita gente, principalmente da minha faixa etária. Pode passar a falsa impressão de que estou pessimista ou em depressão.
A aceitação da longa caminhada do tempo da vida não significa o meu passaporte para a melhor idade. Nada a ver.
É uma fase de liberação de todas as “inas” – endorfinas, serotoninas -, acopladas com mais tranquilidade e tempo para analisar de ângulos diferentes os acontecimentos do nosso cotidiano.
Passei a anotar, para não esquecer, pequenos detalhes que só o tempo nos permite chegar a esses momentos.
Todas as maravilhas que encontro neste tempo, que é bem menor do que o meu passado, está relacionado ao comportamento humano e aos seus sofrimentos.
Nada material me seduz ou me causa deslumbramento.
As interpretações humanas, o instinto destruidor da espécie a que pertencemos, as fantasias inúteis de enredo fora da moda e o generoso instrumento que é o nosso cérebro.
Tenho pavor quando ouço alguém dizer que o tempo está passando rapidamente.
Sei que o tempo da vida é um só. Sem atrasos ou avanços. E o tempo correndo significa que a nossa vida caiu na armadilha da rotina. Esta passa rapidamente.
Geralmente os idosos dizem que não têm tempo para nada, pois vivem uma rotina sem perspectivas de mudanças.
O tempo custa a passar para as crianças que, vinte e quatro horas por dia, estão cuidando da sua criatividade lúdica. Criança não vive a rotina, nem sabe o que é.
O adulto e, principalmente o idoso, só esquece a rotina quando encontra um grande amor, dizem os poetas.
O amor é imprevisível, e quando termina essa imprevisibilidade, vira rotina.
A rotina é insalubre em qualquer fase da nossa vida, mais sentida naqueles que já ultrapassaram o meio dia da vida.

Gabriel Novis Neves
09-08-2012

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