Os
mais antigos lembram-se do general Golbery do Couto e Silva. Pertencia à elite
intelectual do exército brasileiro e tinha vocação para a política partidária.
Foi
homem forte do governo Geisel e Figueiredo. Dizem que foi o ideólogo da
‘abertura política lenta e gradual’, com o fim do bipartidarismo no governo
militar.
Coincidentemente
nesse período surgia no ABC paulista a figura carismática de Lula, líder metalúrgico.
Com
o desaparecimento da ARENA (Aliança Renovadora Nacional) de apoio total e
irrestrito ao governo da revolução, e do MDB (Movimento Democrático Nacional)
partido de oposição, Golbery estimula a criação de inúmeros partidos políticos.
Para
Lula reservou o emblemático Partido dos Trabalhadores, que tinha a simpatia da
igreja católica, intelectuais, estudantes, artistas e sindicatos.
A
função principal do recém-fundado partido, inspiração do general, era a de
impedir a vitória do único líder reconhecido do regime militar como oposição -
o engenheiro Leonel de Moura Brizola. Naquela época, a atual presidente do
Brasil era do partido do gaúcho.
Golbery
negociou com o ‘sapo barbudo’. Alongou por mais um ano o mandato presidencial
do último presidente da ARENA, José Sarney, enquanto o PT do Golbery adquiria
alguma musculatura.
A
estratégia militar deu certo, e Brizola não conseguiu se eleger, perdendo as
eleições exatamente para Lula, que perdeu para Collor e depois duas vezes no 1º
turno para o FHC.
Com
o apoio dos banqueiros, do capital e dos trabalhadores, Lula hospedou-se por
oito anos no Palácio do Planalto para concluir o programa neoliberal do seu
antecessor e passar o bastão à antiga militante do partido do saudoso Brizola.
Esse
pedaço da história do Brasil era contada, parte pelo Golbery, e por importantes
personalidades políticas e jornalistas influentes desse período da nossa
história.
Certa
ocasião ouvi perplexo essa engenharia política, mas reticente em
acreditar.
O
tempo passou. E hoje não tenho dúvidas de que o Lula era o braço popular da
ARENA.
‘Diz-me
com quem andas e direi quem és. ’
Vejamos
os homens fortes de Lula e suas origens.
José
Sarney, ex-todo presidente da ARENA, hoje o político mais forte do sistema
Lula.
Paulo
Maluf, seu principal aliado em São Paulo.
Governadora
Roseana Sarney e todos os seus aliados da extinta Arena.
Delfim
Neto, o eterno ministro dos governos da ARENA, hoje o seu principal consultor
econômico.
Com
esses tops, não há necessidade de citar os do baixo clero espalhados por todos
os Estados brasileiros.
Creio
ser essa a metamorfose utilizada pelo Lula para explicar a sua trajetória
política.
Não
esquecendo que os trezentos antigos picaretas existentes no Congresso e
denunciados por Lula, são hoje seus amigos e, no seu governo, pertenceram à
base de sustentação e participaram do mensalão.
A
história tarda, mas esclarece.
Gabriel Novis Neves
08-08-2012
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