terça-feira, 21 de agosto de 2012

LULA ERA DA ARENA


Os mais antigos lembram-se do general Golbery do Couto e Silva. Pertencia à elite intelectual do exército brasileiro e tinha vocação para a política partidária.
Foi homem forte do governo Geisel e Figueiredo. Dizem que foi o ideólogo da ‘abertura política lenta e gradual’, com o fim do bipartidarismo no governo militar.
Coincidentemente nesse período surgia no ABC paulista a figura carismática de Lula, líder metalúrgico.
Com o desaparecimento da ARENA (Aliança Renovadora Nacional) de apoio total e irrestrito ao governo da revolução, e do MDB (Movimento Democrático Nacional) partido de oposição, Golbery estimula a criação de inúmeros partidos políticos.
Para Lula reservou o emblemático Partido dos Trabalhadores, que tinha a simpatia da igreja católica, intelectuais, estudantes, artistas e sindicatos.
A função principal do recém-fundado partido, inspiração do general, era a de impedir a vitória do único líder reconhecido do regime militar como oposição - o engenheiro Leonel de Moura Brizola. Naquela época, a atual presidente do Brasil era do partido do gaúcho.
Golbery negociou com o ‘sapo barbudo’. Alongou por mais um ano o mandato presidencial do último presidente da ARENA, José Sarney, enquanto o PT do Golbery adquiria alguma musculatura.
A estratégia militar deu certo, e Brizola não conseguiu se eleger, perdendo as eleições exatamente para Lula, que perdeu para Collor e depois duas vezes no 1º turno para o FHC.
Com o apoio dos banqueiros, do capital e dos trabalhadores, Lula hospedou-se por oito anos no Palácio do Planalto para concluir o programa neoliberal do seu antecessor e passar o bastão à antiga militante do partido do saudoso Brizola.
Esse pedaço da história do Brasil era contada, parte pelo Golbery, e por importantes personalidades políticas e jornalistas influentes desse período da nossa história.
Certa ocasião ouvi perplexo essa engenharia política, mas reticente em acreditar.
O tempo passou. E hoje não tenho dúvidas de que o Lula era o braço popular da ARENA.
‘Diz-me com quem andas e direi quem és. ’
Vejamos os homens fortes de Lula e suas origens.
José Sarney, ex-todo presidente da ARENA, hoje o político mais forte do sistema Lula.
Paulo Maluf, seu principal aliado em São Paulo.
Governadora Roseana Sarney e todos os seus aliados da extinta Arena.
Delfim Neto, o eterno ministro dos governos da ARENA, hoje o seu principal consultor econômico.
Com esses tops, não há necessidade de citar os do baixo clero espalhados por todos os Estados brasileiros.
Creio ser essa a metamorfose utilizada pelo Lula para explicar a sua trajetória política.
Não esquecendo que os trezentos antigos picaretas existentes no Congresso e denunciados por Lula, são hoje seus amigos e, no seu governo, pertenceram à base de sustentação e participaram do mensalão.
A história tarda, mas esclarece.

Gabriel Novis Neves

08-08-2012

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