terça-feira, 10 de junho de 2014

Copa sem brilho

Faltando poucos dias para os jogos da Copa somente uma obra aqui em Cuiabá está semiconcluída – o campo de futebol. O seu entorno e a área para estacionamento de veículos ainda estão inconclusas. Creio que não ficarão prontas para o megaevento. Nem teve inauguração oficial.
Os dois centros para treinamento, as obras do aeroporto e da mobilidade urbana, projetam a imagem de uma cidade destruída, e, eis que deságua sobre nós a Operação Ararath.
O entusiasmo (pouco) das autoridades, contrastando com a frustração da grande maioria da população, cedeu lugar ao medo de enfrentar o público.
A possibilidade do “camburão oficial” sofrer represália com vaias substituindo aplausos programados é altíssima.
Será uma temeridade neste momento a exposição de nossos governantes perante quarenta mil pessoas pagando caríssimos ingressos, em que populares se regozijam em frente à Delegacia da Policia Federal soltando até rojões de contentamento pela atuação dos policiais.
Não foi por acaso que o Governo Federal está investindo extraordinariamente dois bilhões de reais só para fortalecer a segurança durante a Copa do Mundo, não esquecendo que todo o efetivo das polícias e da Força Nacional está trabalhando nas cidades-sede.
Ararath conseguiu obstruir a curiosidade daqueles que irão nos visitar para conhecer o Pantanal, Chapada dos Guimarães, Nobres, Manso, o Vale do Rio Cuiabá, o nosso Centro Histórico e nossas valiosas tradições.
Querem saber os turistas estrangeiros como um Estado pobre e com sérios problemas administrativos, consegue investir tantos recursos em um torneio de futebol particular promovido por uma das maiores multinacionais.
A opção por este tipo de investimento foi das nossas autoridades, e as consequências dessa aventura serão debitadas nos próximos trinta anos de nossas contas.
Por muito tempo nos lembraremos dessa Copa, diante da impossibilidade de investimentos para o nosso desenvolvimento.
Estamos destinados a ser sempre o Estado do futuro e das nossas riquezas naturais dizimadas.
Este é o quadro fúnebre das vésperas desta Copa sem brilho na ex-Cidade Verde.

Gabriel Novis Neves
21-05-2014

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