Eu
e um grupo de amigos fizemos um movimento inverso. Fomos observar, in loco, a reação dos argentinos, nossos
maiores rivais no futebol, aos primeiros jogos da Copa Mundial.
Em
tempos não tão remotos, entre outros imortais gênios do futebol, tínhamos o
Pelé e eles o Maradona.
Até
hoje se discute apaixonadamente quem foi o melhor.
Agora
temos o Neymar e eles o Messi. Outra controvérsia, já que o argentino, poucos
anos mais velho que o craque brasileiro, já acumula vários títulos de melhor do
mundo, ao contrário do nosso ídolo que ainda é virgem nesse quesito.
Para
nós foi muito triste encontrar a bela cidade do tango mergulhada em profunda
crise econômica e a população cabisbaixa com toda a atenção voltada para o que
irá acontecer nos próximos dias.
Notamos
poucos sinais externos de otimismo com relação aos jogos da Copa. Parece-me que
o povo não mais se importa com uma possível conquista do troféu da FIFA.
Poucas
manifestações populares, representadas apenas pela visão de uma ou outra
bandeira da pátria na fachada de algum apartamento.
Dada
à profunda crise econômica, ruas vazias, comércio fraco e semblantes
pessimistas.
Nada
que lembrasse que a poucos quilômetros dali seus compatriotas disputavam o
título de melhores do mundo no seu esporte predileto.
Desencanto
geral com o futebol atual, onde não mais existem jogadores dos clubes, e sim,
um negócio de altos ganhos empresariais?
A
visão que tivemos é que a Copa do Mundo - assim como outros grandes eventos
esportivos - é fabricada e manipulada por grandes interesses comerciais, e com
o apoio das mídias compromissadas com as principais redes de comunicação.
Essa
é a opinião de motoristas de táxis, garçons, trabalhadores no comércio. Não
notamos neles nenhum sinal de entusiasmo pelos seus conterrâneos.
A
TVP (Televisão Pública local) transmite todas as partidas. Nos intervalos entre
primeiro e segundo tempo, notícias oficiais da Presidência da República.
Dia
desses, logo após um jogo importante, a TVP entrou no ar em horário
diferenciado e, em vez dos famosos comentários sobre a partida, o Ministro da
Economia fez um longo e detalhado pronunciamento sobre a séria crise econômica
que assola o seu país e o prognóstico nada favorável à nação Argentina.
A
falta de entusiasmo da gente simples portenha é explicada em grande parte pelo
aumento das dificuldades financeiras pelas quais ela passa em função dos
sucessivos desgovernos.
Apesar
de tudo, a bela metrópole continua exuberante, lutando freneticamente para
exibir suas tradições culturais numa cidade com cheiro de decadência.
Gabriel
Novis Neves
16-06-2014
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