Ao
sair de casa no horário comercial, a impressão que tive é que a nossa cidade
não se preparou para receber os jogos da Copa do Mundo padrão FIFA.
Um
aluno só fica habilitado a enfrentar os competitivos e difíceis exames do
vestibular ao ensino superior após oito ou nove anos de estudos. Também tivemos
esse tempo para nos adequar a receber o maior evento de futebol do mundo.
Na
verdade, não foi uma impressão, foi a constatação de um fato. Todas as obras
estão em um ritmo frenético de construção, causando muito reboliço na cidade.
Mas,
a esperança de que tudo fique de acordo com o planejado não existe. Só estão
maquiando a cidade - no melhor estilo padrão Brasil.
Trabalhos
que seriam realizados normalmente à noite para não prejudicar tanto a
população, como recapeamento asfáltico das ruas, estão sendo executadas agora,
durante vinte e quatro horas.
A
cidade está toda engarrafada e seus moradores submetidos ao teste do controle
emocional.
Filas
intermináveis de automóveis em ruas estreitas e com as inevitáveis batidas
produzidas pelos adeptos da “Lei do Gerson”- aquele que sempre quer levar
vantagem.
Os
velhos mestres recomendavam aos vestibulandos que na semana que antecedia ao
vestibular, fizessem repouso, uma alimentação branda, assistissem a um bom
filme e a terem muita confiança nos anos estudados. Nada de virar a noite
revendo livros, apostilhas e macetes, pois a sorte estava lançada.
Nesta
capital a ordem é executar, em uma semana, todas as obras que estavam acertadas
e programadas com a FIFA e com o próprio governo brasileiro.
E,
pasmem, até algumas leis do país são passíveis de transformação por exigência
dessa organização privada. São estabelecidas as chamadas leis temporárias, que
se enquadram à organização do evento.
Cronograma
das obras não cumpridas é o mesmo que lições não feitas.
Neste
momento há um pânico entre as obras concluídas e as compromissadas, ocultando
um terrível mau humor entre nossos dirigentes, mais preocupados neste instante
com outras ações realizadas pela Polícia Federal.
A
população descrente perdeu o entusiasmo pelo seu esporte maior, e faz cara de
paisagem.
Embora
o exame vestibular seja uma experiência traumática para a maioria dos
estudantes, especialmente os egressos das nossas escolas públicas - onde está a
população de jovens mais carentes e necessitados de uma vaga no ensino superior
público - não há como não se lembrar do gostoso samba “Vestibular” do Martinho
da Villa para nos ajudar a viajar no tempo da travessia para o desconhecido.
Foi
sugerido, diante do caos que reina em nossa cidade, que recebamos os turistas
com uma expressão bem cuiabana – “a casa é sua, desculpe a bagunça”.
Gabriel
Novis Neves
06-06-2014
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