segunda-feira, 30 de junho de 2014

Repetição

Houve época em que cronistas famosos escreviam sobre o dia a dia das cidades. Sempre contavam uma história curiosa e divertida.
Carlinhos de Oliveira, um dos melhores nessa arte, tinha seu escritório em um bar. Antônio Maria preferia o Hotel Plaza. Carlos Drummond de Andrade, o seu Gabinete no Ministério da Educação no Rio de Janeiro, Rubem Braga na sua famosa cobertura de Ipanema.
Poetas, compositores e músicos preferiam as mesas de um boteco nas madrugadas, quando eram inspirados para suas poesias.
Como tinham assuntos! Sempre recheados de poesias e belezas da vida! Rubem Braga via um beija-flor em seu jardim suspenso e, no dia seguinte, nos presenteava com um texto inesquecível.
Sergio Porto conversava com garagistas do seu edifício. Foi em uma dessas conversas que descobriu e projetou ao mundo das artes o imortal Cartola.
Escrever hoje sobre o cotidiano das nossas cidades está mais para correspondente de guerra do que para  a saudosa leveza de um  cotidiano trivial.
A natureza, suas belezas, fantasias, foram substituídas pelo terror e pelo medo.
Acabei de ler em uma revista de circulação nacional que a família do craque Cristiano Ronaldo da Seleção Portuguesa não virá ao Brasil assistir à Copa do Mundo por causa da violência existente nas cidades.
Uma das irmãs do atual melhor jogador do mundo esteve em Fortaleza e não deseja repetir a experiência.
E os cronistas do dia a dia estão desaparecendo ou com as suas horas contadas.
Não temos novidades.  É sempre a repetição de violências e atos de corrupção desse nosso atual dia a dia.
Com a repetição, claro, os fatos deixam de ser novidades.
Triste final das cidades, centros inspiradores das mais belas páginas da nossa literatura e vivência neste Planeta.

Gabriel Novis Neves
20-06-2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.