Situações-limite
em qualquer nível são sempre acompanhadas por muito medo.
Esse
talvez seja o sentimento que mais altera o funcionamento da máquina humana.
Nosso
sistema nervoso não foi preparado para o
excesso de estresse a que estamos sendo
submetidos no mundo atual.
A
queda do padrão de qualidade de vida, aliada à insegurança que passou a fazer
parte do nosso dia a dia, são as grandes responsáveis pelo aumento das doenças,
principalmente as psicossomáticas.
Estas
são apenas sinais de alerta, através de distúrbios funcionais, que as doenças
no seu estágio definitivo estariam se instalando.
A
sensação generalizada de medo nas grandes cidades já é uma constatação, e se
dissemina pelas anteriormente pacatas cidades interioranas.
Metrópoles
como o Rio de Janeiro, por exemplo, já
têm os seus melhores restaurantes, serviços
médicos e dentários, boutiques, cabeleireiros, trabalhando a portas
fechadas, e apenas abrem-nas mediante a identificação de seus clientes.
As
ruas repletas de mendicância lembram as fotos dos centros mais pobres do
planeta.
As
autoridades policiais constituídas já se mostram reticentes na sua capacidade
de manutenção da ordem pública. O
aumento do contingente não tem sido suficiente para a demanda do crescimento da violência.
Ruas
desertas, imediatamente após o anoitecer, lembram cidades sitiadas e contrastam
com a imagem da alegria que reinava nas mesmas até alguns anos atrás.
A
população, outrora considerada uma das mais descontraídas, mostra-se tensa e
atenta aos menores movimentos de qualquer pessoa que se aproxime.
O
outro virou o grande perigo.
Que
saudade dos nossos medos infantis! Medo do escuro, das bruxas, dos fantasmas,
dos duendes, dos animais ferozes, das tempestades ruidosas, de ficar sozinho no
quarto. Medos esses que se dissipavam ao simples aconchego de nossos
familiares.
Tornamo-nos
adultos perplexos diante do medo dos nossos semelhantes, coisa até então
inimaginável.
Vivemos
literalmente cercados em nossos condomínios. Estamos perdendo
progressivamente a nossa capacidade de
ir e vir, ou seja, incapazes de usufruir a liberdade sem a qual a vida perde o
seu sentido.
Difícil
imaginar que cidades com esse perfil tenham se comprometido a sediar uma Copa
do Mundo, ou qualquer outro evento de maior porte.
Acresce
a esse medo que nos invade, a frustração de saber o mau uso do erário público. Este, que deveria
prioritariamente estar sendo usado em
benfeitorias sociais é despejado em
orgia de obras esportivas faraônicas.
O
fato é que nos transformamos num bando de pessoas tristes e preocupadas com o
rumo que vem tomando, não só o nosso bem estar pessoal, mas, principalmente, o
do nosso país.
Atentem
as autoridades que a “carneirada” já não está tão interessada em “pão e circo”
como há alguns anos atrás.
Ou
será que na sua onipotência eles já não frequentam as ruas, o grande termômetro
do bem estar social de uma cidade?
Futebol
e samba não é mais o ópio do povo, já bem mais esclarecido e ciente das suas
prioridades.
A
hora é essa! Providências urgentes devem ser tomadas antes que nos transformemos num dos maiores
celeiros de pobreza da humanidade.
Gabriel
Novis Neves
07-05-2014
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