terça-feira, 10 de junho de 2014

Cultura sem rótulo

Vivemos momentos em que não podemos mais classificar os diversos tipos de cultura como boa ou ruim.
A cultura pop, uma das mais rendosas, está aí para comprovar isso.
Há alguns dias assisti a um programa de entrevista pela televisão. O convidado era um dos mais conhecidos MCs do momento.
O famoso Funkeiro confessou fazer jus a um salário equivalente a mais ou menos quatrocentos mil reais mensais.
Inculto ao falar, porém articulado e coerente com o linguajar do meio que o valoriza, passou-me imediatamente os valores do mundo atual.
A cultura chamada de elite, com seus conceitos, suas exposições de arte, sua literatura acessível a poucos, tem a mesma dimensão da cultura pop.
O que talvez apenas as diferenciem é a sua durabilidade. Uma é temporária e a outra atravessa os séculos.
Preconceito à parte, já não mais se pode preconizar qual seria a melhor. Cada uma é coerente com o seu espaço e com o seu tempo.
Ainda que não nos agrade, temos que admitir que cada uma se adapta a determinado tipo de pessoa num determinado momento cultural.
Tudo isso ficou muito bem definido somente após a revolução industrial.
A maneira de expressão de cada grupo sócio econômico cultural passou a ser valorizada pelos diferentes guetos.
Os funkeiros ou os pagodeiros não são nem melhores nem piores que os concertistas famosos, apenas diferentes nas suas expressões.
Assim, os preconceitos com relação a bom ou mau gosto não procedem e apenas mostram a nossa dificuldade em lidar com o diferente.
Como somos um país pop, todos que trabalham com essa cultura estão sempre mais em evidência e, portanto, melhor remunerados em relação aos poucos que trabalham com culturas mais sofisticadas.
Algumas vezes uma simples entrevista pode nos fazer entender questões até então não pensadas.
O fato de não gostarmos de determinado tipo de música, de arte ou de literatura, não significa que a mesma seja ruim, apenas não nos identificamos com ela.
Áreas de Miami, por exemplo, outrora discriminadas, são atualmente valorizadas pelo que há de melhor no grafismo mundial.
Abaixo todo e qualquer preconceito! O mundo caminha independente dos nossos gostos.

Gabriel Novis Neves
28-04-2014

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