terça-feira, 24 de junho de 2014

Riqueza

Diz um ditado popular que “não se pode agradar a gregos e troianos”.
Quem não gostaria de ser muito rico neste mundo capitalista e usufruir dos prazeres materiais que o dinheiro propicia?
Mesmo assim, há pessoas que sofrem com o esbanjamento do chamado “vil metal”, especialmente quando passam a empregá-lo em futilidades inexplicáveis.
Não que elas repudiem o bom, o confortável e o glamour que o dinheiro fácil é capaz de produzir. Muito pelo contrário, mas, não suportando o torrar  inconsequente e, principalmente, a  agressividade social da ostentação, eles ficam acabrunhados e sofrem.
Rasgar ou queimar dinheiro é coisa de doido, diz o povo. Gastar apenas por gastar porque tem, a explicação científica encontra-se nos bons compêndios médicos. Beira à insanidade. Ao contrário de ser um ato de despojamento material é um desrespeito a si mesmo e aos outros.
Preocupações sociológicas surgem aos observadores serenos. Não é fácil abordar sem traumas o assunto riqueza. Mesmo no mundo do consumismo desenfreado e da irresponsabilidade social, certos milionários, geralmente os pertencentes à categoria dos novos ricos, portadores de cacoetes egoístas como filosofia de vida, nos causam  um enorme repúdio.
Sim, porque os grandes herdeiros, os nascidos em berço de ouro ou os que conheceram situações de pobreza, dificilmente se tornam exibicionistas.
A sociedade desordenada necessita de parâmetros consistentes  para ser um instrumento de paz. Com o advento da Internet todas as manifestações faraônicas de poder são imediatamente compartilhadas  pela grande massa que trabalha para sobreviver. Não há como negar o recrudescimento da tão histórica luta de classes.
Com essa alienação social dos milionários caminhamos para a catástrofe. O resultado se vê diariamente em nossos noticiários jornalísticos, e as vítimas são, na sua maioria, inocentes trabalhadores.
Assistindo a uma entrevista de um haitiano fugitivo da sua pátria por total possibilidade de sobrevivência, ele relatou que mesmo em seu miserável território existem milionários.
Indagado pelo jornalista quem eram eles, respondeu com um sorriso maroto e com aquele gesto rotatório da mão esquerda sobre a palma da mão direita, que era o pessoal do governo.
A praga da corrupção é universal, não respeita nem o povo em fuga da morte por inanição.
Admiro e torço pelo vencedor que com seu trabalho honesto construiu fortuna, não devendo explicações a ninguém e, muito menos, como irá usá-la.
Esses heróis do capitalismo devem respeitar seus semelhantes que muitas vezes não tiveram oportunidades.
Até para ser milionário e gastar milhões há necessidade de humildade e um mínimo de educação social, que não se aprende nos bancos escolares e, sim, em casa e nos laboratórios de ética.

Gabriel Novis Neves
10-05-2014

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