Saí
de Cuiabá na madrugada do dia dez de junho. No trajeto até ao aeroporto notei a
limpeza social que foi realizada na cidade para a Copa do Mundo.
O
mesmo fenômeno deve ter acontecido em todas as doze cidades-sede.
No
Rio esse acontecimento é matéria de destaque na mídia. Onde andam os mendigos,
os moradores de rua e os menores abandonados? Maquilagem perfeita!
Em
compensação, a exploração aos estrangeiros, através dos preços exorbitantes de
todos os bens consumíveis, chegou a tal ponto que eles passaram a ocupar,
despudoradamente, os locais públicos da cidade.
Uma
vergonha, para nós.
As
rodoviárias simplesmente foram transformadas em grandes e confortáveis
hospedarias, com custo zero, claro!
Muitos
visitantes latino-americanos se alojaram na orla carioca. Chegaram com seus
trailers e fizeram a festa. Instalaram-se na mais bela praia do mundo e a
transformaram o maior banheiro público jamais visto.
Pior
aconteceu com alguns chilenos que, sem grana, invadiram o Estádio do Maracanã,
agora Arena, no jogo contra a Espanha. Tal fato inédito num evento tão
organizado e planejado como esse da FIFA, obrigou o governo a promover a
extradição dos baderneiros.
Concluí
então, que o que vimos em Cuiabá foi apenas uma “avant première” do nosso
potencial de “entusiasmo patriótico”.
Com
a limpeza ética, as manifestações de protesto, tanto nos estádios como nas
ruas, ficaram por conta da elite que, segundo as palavras de um ex-presidente,
não tem educação, apenas dinheiro.
A
Copa tem prazo definido para terminar.
E
depois? Como enfrentaremos a dura realidade da nossa evidente exclusão social?
Resta
agora investir nas fantasias deixadas por esse evento e reavivá-las daqui a
dois anos com a chegada das Olimpíadas no Rio de Janeiro.
Somos
um país cujo desenvolvimento está atrelado aos eventos esportivos
internacionais.
Mais
uma vez a criatividade brasileira mostra ao mundo que o nosso famoso jeitinho
pode transformar eventos, inicialmente com grande rejeição, em festas populares
agregando nações amigas vizinhas ou distantes.
Desde
que não apareçam os donos do poder, esses quase sempre odiados pelo povo dessa
pobre América Latina.
Gabriel
Novis Neves
10-06-2014
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