A
qualidade dos segredos é sempre diretamente proporcional ao grau de repressão
de cada época.
As
mulheres, sempre muito mais reprimidas em todos os tempos, foram sempre as
portadoras dos maiores sigilos, principalmente no âmbito pessoal.
A
hipocrisia imposta pela sociedade abarrota a humanidade de culpas, que a rigor
não existem, pois foram ditadas por regras de conduta para que a nossa parte
animal estivesse sempre sob controle.
As
religiões tiveram um papel importante na imposição desses códigos, mitos e
dogmas.
Para
as classes abastadas surgiram as terapias, sempre inacessíveis aos menos
afortunados. Estes, sempre contaram com os médicos e com os líderes religiosos,
tidos como fieis portadores de grandes segredos.
O
fato é que o ser humano tem necessidade de se livrar de suas “culpas”, o que
geralmente só acontece quando consegue dividi-las com alguém de sua confiança.
A
igreja católica, muito sabiamente, estipulou as chamadas penitências, sempre
proporcionais ao tamanho de cada “pecado”.
As
penitências nada mais são do que medidas preventivas para não despertar o
animal que habita em cada um de nós. Estamos a muitas léguas da perfeição de um
verdadeiro ser humano pensante.
Passo
a passo a humanidade vem se livrando de inúmeros preconceitos, fonte de muitas
infelicidades.
Um
deles, o homossexualismo - atualmente relativamente bem aceito, até com
legislação própria, mas já foi motivo de destruição de várias vidas através dos
séculos.
Ainda
hoje, em pleno século XXI, dois segredos inconfessáveis ainda fazem parte de um
grande número de mulheres: a admissão de violência doméstica e o da traição
conjugal.
Incrível
que eles permaneçam numa época em que as mulheres atingiram a igualdade na
divisão de trabalho com os homens e, portanto, os mesmos direitos.
Os
quatro séculos de submissão feminina deixaram marcas profundas, fazendo com que
algumas mulheres ainda façam do casamento a sua mais segura fonte de renda.
O
confessar vida sexual prazerosa no passado era quase um crime, tal como é nos
dias atuais admitir o contrário.
A
cultura atual é massacrante. Temos a
obrigação de sermos belos, jovens, magros, felizes e sexualmente muito ativos.
Dessa
maneira, permanecem em nós muitos segredos inconfessáveis, apesar desse mundo
glamoroso que se nos é imposto
atualmente.
Os
homens, mais permissivos, são bem mais abertos entre si, omitindo apenas o que
mexe diretamente com a sua vaidade.
Felizmente
vivemos tempos de menos hipocrisias, em que temas pessoais ou coletivos,
outrora os mais escusos, são discutidos de maneira mais transparente e cada vez
mais desmistificados, até mesmo no meio familiar.
Uma
nova ordem começa a livrar o mundo de seus estigmas falso moralistas.
Gabriel
Novis Neves
18-07-2014
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