A
cada aniversário de vida que se nos apresenta, é muito comum fazermos um
balanço do que se passou, do que existe no momento e, dependendo da faixa
etária, do que nos espera.
Isso,
logicamente, só acontece com as pessoas mais especulativas que, ao contrário do
que diz a filosofia popular do “deixa a vida me levar", preferem ser os senhores de suas próprias escolhas.
Excluindo
os fenômenos circunstanciais e os telúricos, toda a nossa vida depende das
escolhas feitas no presente.
Toda
a nossa história futura está vinculada a esse momento crucial que, desprezado
por tantos, é o maior responsável pelos
nossos insucessos, que preferimos considerar "falta de sorte".
Na
verdade, o que nos faltou foi coragem para tomar decisões racionais corretas
nos momentos exatos.
Entretanto,
não gostamos de sair da chamada zona de conforto, e essa inércia redunda na sucessão
de erros que daí advém.
O
passado, de tão distante, preferimos deixá-lo apenas para consultas quando
necessárias.
O
presente é a única certeza que temos.
Chegou
o momento de sabermos se é isso que planejamos para esta fase da nossa vida.
Estamos
felizes, satisfeitos, alegres com o nosso dia a dia?
Algum
remorso por algo perdido ou não aproveitado como deveria?
São
tantas as dúvidas que só uma vida de muitos anos nos possibilita analisarmos
metade daquilo que se passou.
A
outra metade pertence ao mistério que toma conta de todos nós - que é o “se”.
“Se” fizesse aquilo naquele momento como
estaria hoje? São simulações impossíveis que só servem para despertar a
curiosidade de saber o não acontecido.
Se
não existisse o “se”, esses pensamentos brincalhões jamais tomariam tempos
preciosos e importantes para o nada.
O
que comento neste momento de auditoria existencial, como se existisse o certo e
errado, foi popularizado pelo samba de Lupicínio Rodrigues: “Se acaso você
chegasse... no meu chatô encontrasse, aquela mulher, que você gostou, será que
tinha coragem, de trocar nossa amizade, por ela que já te abandonou...”.
O
futuro é uma probabilidade. Sabemos que no ocaso da vida esse tempo é traidor,
assim como as suas manhãs.
Compensa
fazer planos para o nosso futuro sabendo que nosso futuro poderá ser o nosso
presente?
Como
em um sonho privilegiado descobrimos que o nosso saldo permite certas
aventuras.
Recomeçar
é sempre a mais sorridente das possibilidades e, mais do que isso, é a
revitalização de todas as nossas funções
biológicas.
Podemos
criar no presente novas emoções que nos
passaram despercebidas durante a nossa existência.
Ah!
Se não existissem os mistérios, o acréscimo de anos só serviria para aumentar
nossa idade.
Seria
mais um dia para receber parabéns e votos de felicidades, acompanhados da
indispensável lembrancinha com a recomendação para não reparar a sua
simplicidade.
A
vida seria bem melhor se sempre vivêssemos o presente, sem passado ou futuro.
É
um trauma lembrar os dias dos anos vividos em uma vida de acúmulo de anos.
Tudo
passou, inclusive, eu.
Gabriel
Novis Neves
16-06-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.