segunda-feira, 21 de julho de 2014

Projeções

Todos nós vivemos em cima de projeções, quer queiramos ou não. O nosso referencial é sempre o outro.
Jogamos em quem está mais próximo e mais íntimo de nós todas as nossas frustrações, as nossas raivas, os nossos ódios.
No individual, isso costuma ser meio contido, parcimonioso.
O perigo maior é no coletivo, quando nos sentimos fortes e desinibidos para qualquer tipo de violência.
Isso tem sido visto nas manifestações de rua. Pessoas consideradas tranquilas, e até mesmo pacíficas, na multidão, se despem de seus medos e se tornam extremamente agressivas. Daí o perigo dos protestos no dia a dia.
No âmbito pessoal agredimos e somos agredidos, geralmente pelos que mais amamos. São incontáveis os casos em que idosos e crianças são maltratados pelos familiares e pelos mais próximos.
Reações desproporcionais às causas, algumas vezes banais, são meras consequências de toda essa carga de energia acumulada durante a vida, de todos os lados.
Domados logo após o nascimento pela ética e pela cultura, somos impedidos de exorcizar as nossas angustias, as nossas insatisfações, o nosso ódio.
Segurar as feras internas é um dever pessoal e da sociedade como um todo.
O pior é que quanto mais seguros nos mostramos a terceiros, maior é a ira deles contra nós.
Incomodamos muito quando mostramos sinais de estar vivenciando  felicidade. Tudo é admitido, menos ver alguém bem. Imediatamente são disparadas baionetas para liquidar qualquer estado de espírito positivo.
O que fazer?
O ser humano funciona dessa forma.
Basta compreendê-lo e, se possível, amá-lo.

Gabriel Novis Neves
28-06-2014

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