Cuiabá
é uma cidade com clima extremamente quente. Um dos meses mais frescos do ano é
julho. Pois bem, nasci neste mês do frio (!), no período das missas geladas de
São Benedito.
Talvez
por isso goste tanto de temperaturas amenas.
São
dez horas da manhã aqui em Buenos Aires e o sol ainda não apareceu. A manhã
ainda é noite. A cidade toda iluminada e ninguém pelas ruas. Apenas o som do
balanço das folhas das árvores dos bosques provocados pelo intenso vento.
Não
sinto a menor vontade de me aprontar para caminhar pelas ruas desertas da bela
cidade.
Aconchegado
às cobertas, ainda estou deitado. Assisto as notícias pela televisão, cada vez
piores para o momento econômico atual. Uma preguiça invencível me imobiliza na
cama.
Mas,
decido me desintoxicar do ambiente depressivo do quarto do hotel. Levanto e vou
enfrentar as ruas de baixa temperatura (em torno de quatro graus).
A
cidade nos oferece muitas opções culturais. Toda a sua história foi
preservada.
A
Argentina era uma colônia da Espanha. O processo da independência teve início
em 25/05/1810 e término em 09/07/1816.
Livres
do domínio espanhol, a cidade mais europeia da América do Sul recebeu, em
grande escala, italianos, ingleses, franceses, irlandeses.
Fiquei
encantado com a visão futurista dos arquitetos e políticos que projetaram uma
cidade nos séculos dezoito e dezenove para o século vinte e um.
Implantaram
e fizeram correções certíssimas, inclusive, no sistema de prevenção a
inundações, e que somente agora, com o passar dos anos, estamos tentando
realizar em nosso país.
Ecologia,
cultura e condições para uma boa qualidade de vida facilmente são percebidos.
Esculturas
de artistas famosos estão espalhadas pela cidade, bairros e bosques.
O
cemitério famoso, no elegante bairro da Recoleta, é atração turística.
Esculturas de artistas importantes deixam em plano inferior até o interesse
pelos personagens que ali descansam e que foram responsáveis pela civilização
portenha.
A
história dos seus centenários prédios é fantástica, como o que serve de local
para a administração do país - a Casa Rosada.
Várias
vezes eu estive, por compromissos familiares, nesta cidade, mas nunca com tempo
suficiente e tranquilidade para entender, inclusive, a história do seu cantante
mais querido e popular, Carlos Gardel.
O
tango só foi aceito na Argentina quando o cantor da Boca fez uma excursão à
Europa e foi aprovado pela nobreza do então primeiro mundo. Antes, tal qual o
samba, era considerado música de baixo nível.
O
estímulo visual das belezas descobertas por mim, como a história do bairro da
Boca, a recente reestruturação do porto, atualmente chamado de Porto Madero em
homenagem ao arquiteto inglês que o projetou e a história do clube de futebol
mais popular do país, produziu o calor suficiente para esquentar a minha alma.
Em
uma casa de carnes esqueci-me do frio da cidade e das agruras financeiras que
assolam esse belo país.
Gabriel
Novis Neves
20-06-2014
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