quinta-feira, 31 de julho de 2014

INOCENTE

Não gosto de ser taxado de inocente ou ingênuo, até porque isso não corresponde à verdade. Daí, até a tentação da figura de herói vai uma longa distância.
Vivemos num sistema de tal forma blindado pelas forças que o cercam e o fortalecem  que me parece muita ingenuidade assumir atitudes tipo bravatas, quando em volta o que vemos é só hipocrisia e cinismo na manutenção do “status quo”.
É mais ou menos como se gritássemos “Mengo” ou “Bota”  diante de um estádio totalmente vazio.
Essa é a sensação que todos temos do momento político atual. Ouvidos moucos desprezam o clamor das ruas.
Sofremos uma lavagem cerebral diária e subliminar que, por si só, é capaz de neutralizar com futilidades até as mais esclarecidas mentes pensantes.
Quem estuda um pouquinho de neurociência sabe como isso é feito.
Somos todos programados para a alienação coletiva, onde falsos valores nos são impingidos desde muito cedo, tais como objetos de consumo como fonte de prazer supremo.
Vivemos em função de uma meta utópica de felicidade que nunca chega. Apenas mostrada nas mídias mundiais através  das fabricadas celebridades.
Com o poder aquisitivo cada vez pior distribuído, formam-se exércitos de famintos pelo mundo afora. Essa é a triste história da humanidade, desde sempre.
Nesse contexto, ódios, guerras, fome, violência de todo tipo, inclusive familiar, fazem parte do nosso cotidiano.
As religiões, em sua maioria, nos fazem crer que isso faz parte da vida e que só assim chegaremos ao reino dos céus.
Entretanto, modernidade e tecnologia avançam no dia a dia e portas de compreensão são abertas a todos, ainda que esses fatos não estejam sendo levados em conta pelas nossas autoridades. Felizmente as pessoas estão perdendo a ingenuidade e se tornando cônscias dos seus direitos de cidadania.
Quantos séculos a mais serão necessários para que o homem passe de quadrúpede a bípede?
Sim, porque a simples postura de bípede não nos conferiu nenhuma imunidade contra a boçalidade que nos tem acompanhado através dos tempos.
Ao contrário, cada dia nós nos tornamos mais violentos com a nossa própria espécie, alheios a qualquer tipo de fraternidade mútua.
Descrentes do Estado e de seus poderes reguladores, passamos a fazer justiça com as próprias mãos, tal como nos primórdios da civilização.
Discursos políticos que não combinam com  a prática nos transformou num bando de inconformados, ainda que as nossas elites não se preocupem com isso.
Afinal, por que não comprar brioches quando falta pão?
Ou será que ninguém se recorda mais da Revolução Francesa?

Gabriel Novis Neves
28-07-2014

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