quinta-feira, 10 de julho de 2014

Ganhos

Nunca tão poucos ganharam tanto dinheiro como nessa temporada de futebol e carnaval!
O que preocupa os economistas são as análises que serão feitas após esse tsunami de festa e alegria.
O segmento da economia que mais lucrou com essa farra foi o das grandes construtoras.
Conseguiram benefícios fiscais especiais, mesmo não concluindo nem a metade das obras em tempo útil e de qualidade duvidosa.
Tivemos oportunidade de ouvir depoimentos de setores de atividade comercial que perderam, ou não lucraram nada, nesse período.
Os taxistas, por exemplo, mesmo com o aumento da população nas cidades-sede não obtiveram nenhum benefício, além dos engarrafamentos.
Muitos estrangeiros que por aqui aportaram chegaram de bicicleta, moto, vans, ônibus e até de carona. Aqueles que conseguiram vir de avião ficavam, na maioria dos casos, em acampamentos improvisados próximo ao aeroporto, como aconteceu no Tom Jobim no Rio de Janeiro.
Os que conseguiram hotel obtiveram também o translado.
Sem dinheiro para comprarem ingressos, milhares se contentaram com o Fan Fest.
Muitos dormiram em rodoviárias e arredores, acampamentos, trailers, praias, sambódromo no Rio e alojamentos comunitários.
Dizem que em Porto Alegre apareceram cem mil argentinos, mas apenas trinta mil (!) conseguiram pagar o ingresso para assistir ao jogo do seu país.
Parece até que o torcedor de futebol se interessa mais pela festa da aglomeração do que em assistir aos jogos.
Aguardamos com calma a poeira baixar para uma análise econômica mais consistente do evento com seus lucros e perdas.
O investimento que fizemos foi alto, acrescido do custo Brasil.
Por aqui já se fala em desmonte de parte da Arena Pantanal para redução do seu preço operacional e terceirização para um grupo paulista.
Por mal dos pecados temos o início de outra grande festa de custos elevadíssimos - o processo eleitoral.
Vamos torcer para que tudo se acerte com as contas da Copa, pois na política nada mudará.
Candidatos sem votos e com muito dinheiro disputarão cargos eletivos majoritários por puro amor a esta terra.
Tememos que duas faturas pesadas - os gastos da Copa e das eleições - dificultem ainda mais os nossos projetos prioritários.
O loteamento do Estado está sendo concluído nas convenções partidárias.
Como aquele personagem do Chico Anísio diante de tal situação: “quero mais que o povo se exploda”.
Os excluídos sociais, com certeza, estão preocupados com o dia de amanhã, e nem pensam em lucros.

Gabriel Novis Neves
27-06-2014

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